segunda-feira, 28 de março de 2011

Mito



Crédito: Jorge Iervolino e Rui Branquinho

Link com a narração de Nilson César, da Rádio Jovem Pan, do centésimo gol de Rogério Ceni aqui e com a narração de José Silvério, da Rádio Bandeirantes, aqui.


domingo, 27 de março de 2011

Novo tratamento para hiperidrose

Um pouco de utilidade pública no blog.

Para você que, como eu, sofre de hiperidrose (suor excessivo em alguma região do corpo), uma boa notícia foi divulgada no início deste mês. Um novo tratamento, por via medicamentosa oral e de fácil acesso (leia-se: de baixo custo), foi descoberto por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). Segundo os estudos feitos  por pesquisadores do Hospital das Clínicas com 500 pacientes, o uso de anticolinérgicos (classe de remédios usada para diminuir espasmos musculares, dilatar brônquios ou controlar incontinência urinária), resolveu o problema de suor excessivo em 50% dos casos, ao passo que em 25% o quadro foi razoavelmente controlado. Vale lembrar que, até hoje, os únicos tratamentos eficazes - especialmente para casos mais graves - eram a cirurgia e a aplicação de botox. Agora, segundo o cirurgião Nelson Wolosker, um dos participantes da pesquisa, pode-se afirmar que o novo remédio é a melhor forma de tratamento inicial. "É acessível, barato e a pessoa pode abandonar na hora que quiser".

Para ler a matéria completa clique aqui (fonte: Folha Online).


terça-feira, 22 de março de 2011

Não a mais uma guerra!

Gadaffi e Obama: amigos até ontem

Antes, era um conservador. Agora, é um liberal. Antes, era um republicano. Agora, é um democrata. Antes, se justificava a guerra pelo "combate ao terror" e pela ameaça das armas de destruição em massa. Agora, pela "proteção dos civis líbios da ditadura de Gadaffi". Antes, era mentira. Agora, também.

Já escrevi neste blog a respeito do papel que a guerra desempenha no funcionamento da economia americana (link aqui), o que significa, de fato, o papel necessário que a guerra joga na manutenção do sistema capitalista. A história se repete, e com ela, aparece o real motivo de mais uma guerra promovida pelo verdadeiro “Eixo do Mal”: petróleo.

Não tenho dúvidas de que a busca por fontes de energia motivará – se nada mudar no atual sistema econômico vigente –  muitas guerras ainda acontecerão ao longo deste século. Com efeito, parece-me que a corrida por fontes energéticas desempenhará a mesma função que, em séculos anteriores, a busca por novos territórios, com mão-de-obra barata e mercados consumidores inexplorados, motivou outros inúmeros conflitos, inclusive duas Guerras Mundiais. Neste século, consolidada a globalização capitalista (isto é, com a plena integração de todos os povos no mercado global), a palavra de ordem será energia.

Por isso, estou de acordo com o governo brasileiro, e com a esquerda mundial de modo geral, que condenam veementemente essa agressão ao povo líbio. Afinal, qualquer um sabe que a guerra nunca foi o melhor caminho para a paz.

Pela autodeterminação dos povos!
Não ao imperialismo, não à guerra!

PS: Obama, se for honesto, deveria devolver o Nobel da Paz (!) que recebeu.


segunda-feira, 14 de março de 2011

Dia da poesia

Em homenagem ao Dia da Poesia, comemorado neste 14 de março, um dos melhores poemas de Álvaro de Campos, meu heterônimo preferido do gênio Fernando Pessoa.













Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas —
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas —,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma sem
Porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates coma mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê —
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como
Tabuletas
Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma conseqüência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

terça-feira, 8 de março de 2011

Parabéns às mulheres!

Uma singela homenagem do blog a todas as mulheres do Brasil, em sua luta cotidiana por respeito, dignididade e contra toda forma de violência e opressão. Em especial, às mulheres da minha vida (Sônia, Angelica, Elza).

Para quem quiser uma boa leitura sobre o tema, sugiro este texto, escrito por Alessandra Terribili,  integrante da Secretaria Nacional de Mulheres do PT, articulando o Dia Internacional da Mulher e o Carnaval.

Feliz Dia Internacional das Mulheres. Neste, e nos outros 364 dias do ano!

quinta-feira, 3 de março de 2011

Francis Cabrel - Je L'Aime À Mourir

Bem, está chegando o Carnaval. E, como eu não gosto Carnaval (sobretudo das músicas), resolvi fazer um post que fosse na contra-mão da festa. E nada melhor do que uma música romântica francesa né? rsrs. Por isso, abaixo, segue um vídeo da música Je L'Aime À Mourir (Eu a amo até a morte), do ótimo cantor e compositor francês Francis Cabrel. Aliás, quem curte música num estilo folk/rock (Cabrel é muito influenciado por Bob Dylan, Neil Young, Beatles) certamente vai gostar.

Também resolvi, especialmente neste post, transcrever a letra da música com uma tradução. Primeiro, porque é uma letra belíssima. Segundo, para dedicá-la ao meu amor, Angelica.

Espero que gostem!





Je L'Aime À Mourir
Eu a amo até a morte

Moi je n'étais rien
Eu não era nada

Mais voilà qu'aujourd'hui
Mas eis que hoje

Je suis le gardien
Sou o guardião

Du sommeil de ses nuits
Das suas noites de sono

Je l'aime à mourir
Eu a amo até a morte

Vous pouvez détruire
Você pode destruir

Tout ce qui vous plaira
Tudo o que lhe agradar

Elle n'aura qu'à ouvrir
Ela terá apenas de abrir

L'espace de ses bras
O espaço de seus braços

Pour tout reconstruire (bis)
Para tudo reconstruir

Je l'aime à mourir
Eu a amo até a morte

Elle a gommé les chiffres
Ela apagou os números

Des horloges du quartier
Dos relógios do bairro

Elle a fait de ma vie
Ela fez da minha vida

Des cocottes en papier
Caçarolas de papel

Des éclats de rires
Sonoras gargalhadas

Elle a bâti des ponts
Ela construiu pontes

Entre nous et le ciel
Entre nós e o céu

Et nous les traversons
E nós as atravessamos

À chaque fois qu'elle
Toda vez que ela

Ne veut pas dormir (bis)
Não quer dormir

Je l'aime à mourir
Eu a amo até a morte

Elle a dû faire toutes les guerres
Ela teve de fazer todas as guerras

Pour être si forte aujourd'hui
Para, hoje, ser tão forte

Elle a du faire toutes les guerres
Ela teve de fazer todas as guerras

De la vie... et de l'amour aussi
Da vida... e também do amor

Elle vit de son mieux
Ela vive da melhor forma

Son rêve d'opaline
Seu sonho de opalina

Elle danse au milieu
ela dança no meio

Des forêts qu'elle dessine
Das florestas que ela desenha

Je l'aime à mourir
Eu a amo até a morte

Elle porte des rubans
Ela usa fitas

Qu'elle laisse s'envoler
Que ela deixa voar

Elle me chante souvent
Ela muitas vezes canta

Que j'ai tort d'essayer
Que eu estou errado

De les retenir (bis)
Em segurá-las

Je l'aime à mourir
Eu a amo até a morte

Pour monter dans sa grotte
Para entrar na sua caverna

Cachée sous les toits
Escondida sob os telhados

Je dois clouer des notes
Eu tenho de pregar notas

À mes sabots de bois
Nos meus tamancos de madeira

Je l'aime à mourir
Eu a amo até a morte

Je dois juste m'asseoir
Devo apenas me sentar

Je ne dois pas parler
Eu não devo falar

Je ne dois rien vouloir
Não devo querer nada

Je dois juste essayer
Devo apenas tentar

De lui appartenir (bis)
Lhe pertencer...

Je l'aime à mourir
Eu a amo até a morte

Elle a dû faire toutes les guerres
Ela teve de fazer todas as guerras

Pour être si forte aujourd'hui
Para, hoje, ser tão forte

Elle a dû faire toutes les guerres
Ela teve de fazer todas as guerras

De la vie... et l'amour aussi
Da vida... e também do amor