segunda-feira, 30 de maio de 2011

Perfume de Mulher (Scent of a Woman)

Em Perfume de mulher (Scent of a woman no original), Al Pacino (um de meus atores preferidos, se não o preferido) vive o papel de Frank Slade, um ex-militar cego e extremamente amargurado, que contrata um jovem e inexperiente estudante (interpretado por Chris O'Donell) para ajudá-lo a passar um fim de semana inesquecível em Nova Iorque antes de morrer. Durante o filme, no entanto, Slade deixa de lado parte seu rancor com a vida, e passa a se interessar pelos problemas do jovem.

Além de um bom roteiro, o filme tem algumas sequências fantásticas, como aquela, em que Al Pacino dirige uma Ferrari em alta velocidade pelas ruas da Big Apple. Mas, sem dúvidas, o momento mágico deste longa se dá na clássica cena (que postei abaixo) na qual Al Pacino dança o tango Por una cabeza, uma das obras-primas do argentino Carlos Gardel. I wish I could dance like that...

Enfim, para quem não viu, vale a pena assistir.

terça-feira, 24 de maio de 2011

É hora de democratizar os meios de comunicação

Quando mais novo, sonhava em ser jornalista. Sempre gostei de escrever, tinha (tenho) uma gama diversificada de interesses – como esse blog demonstra – e acreditava que, sendo jornalista, poderia satisfazê-los todos. Quis o destino (ou meu desleixo nos estudos) que eu não passasse no vestibular de jornalismo, mas no de Ciências Sociais. Depois, veio o encontro com a Filosofia, e bem, cá estou, já no segundo ano do Doutorado em Filosofia. Desde aquela época, porém, tinha um senso crítico aguçado e, mesmo sem ter uma posição política mais bem definida, acreditava que era preciso fazer alguma coisa para mudar o Brasil (e o mundo). Para mim, um dos maiores entraves para nosso desenvolvimento era a educação. E, por educação, eu entendia não apenas a educação formal, aquela obrigatória, mas também a informação. Parecia-me inconcebível que, num país como o nosso, a grande maioria da população fosse completamente alienada de tudo o que se passava ao seu redor. Isso não por ignorância, ou burrice, mas por outros dois motivos: a baixa qualidade da educação formal, sobretudo a pública; e a impossibilidade real de acesso à informação. Isto se ligava diretamente ao papel desempenhado pelos meios de comunicação no Brasil que, desde àquela época, tinham para mim muito mais o objetivo de desinformar do que informar. Tampouco tinham qualquer pretensão de formar bons cidadãos, colaborar no acesso à cultura etc. Pelo contrário, a televisão, sobretudo, mais trabalhava para “emburrecer” do que para melhorar o nível cultural do país.

De lá para cá, não obstante o avanço nesse campo provocado pela consolidação e ampliação da Internet (conjuntura da qual, aliás, esse blog é fruto), que paulatinamente vem democratizando o acesso à informação e à cultura, o quadro pouco se alterou para a maioria dos brasileiros. Por isso, me parece bastante saudável as discussões, encabeçadas pelo próprio governo, acerca de novas regras de democratização dos meios de comunicação, regras essas que caminham no sentido de estabelecer um novo marco regulatório para o setor, além de universalizar, num curto espaço de tempo, o acesso à banda larga no país. Já é passada a hora de revertemos uma situação na qual 08 ou 10 famílias, com interesses muito bem definidos, controlam toda a grande mídia do país, decidem o que é e o que não é notícia, como e por qual viés ela deve ser dada, decide qual serão nossas opções de lazer e de cultura (posto que, para grande parte dos brasileiros, a televisão é o principal, senão o único, meio de lazer ou divertimento, e de acesso a bens culturais) e, desse modo, sejam capazes de, muitas vezes, pautar o país, os governos etc. E, para que essa situação comece a mudar, faz-se urgente ampliar o direito à comunicação. É preciso criar alternativas, inclusive através do próprio Estado, que possam colaborar não apenas com a informação, mas igualmente com a formação dos indivíduos. Mas, para isso, é necessário que o poder público tenha um mínimo controle sobre o setor (como, aliás, acontece na maioria dos países desenvolvidos), que a sociedade civil possa igualmente interferir, opinar, dar sugestões, criticar etc. E que, aqueles que desejam, possam exercer o direito à comunicação, à opinião, à difusão cultural, sempre, claro, respeitando os limites democraticamente estabelecidos (o que, naturalmente, não acontece hoje: a Veja, a Globo, a Folha etc. podem dizer o que bem entenderem, sobre quem ou o que quiserem, da forma como acharem melhor e ponto).

Com efeito, falar em democratização dos meios de comunicação, em "controle social da mídia", não tem absolutamente nada a ver com censura, como defendem os conservadores, ou como a grande mídia, que teme perder seus privilégios, quer nos fazer crer. Na verdade, censura (ou quase) é o que temos hoje: meia dúzia de pessoas, literalmente meia dúzia, são responsáveis por definir aquilo que podemos ou não podemos ver, ouvir ou saber.


terça-feira, 17 de maio de 2011

SPFC: uma nau à deriva

Realmente, não sou bom de previsões. Ao menos, quando o assunto é futebol. Dia 11 de abril, publiquei um post cujo título era “No caminho certo”. Naquele instante, realmente, parecia que o SPFC estava no caminho certo: entre os primeiros colocados do Paulista, caminhando na Copa do Brasil e com boas perspectivas pela frente. Ledo engano. Pouco mais de um mês depois, tudo mudou. Ou melhor: a verdade veio à tona. O clube mostrou-se completamente sem rumo. Depois de ser eliminado pelo Santos do Paulista sem mostrar nenhuma resistência, e perder a vaga nas semi-finais da Copa do Brasil da forma como perdeu, o São Paulo desandou. A briga de Rivaldo e Carpegiani (para mim, errou primeiro o jogador, no tom das reclamações, embora estivesse correto em seu conteúdo), ao que tudo indicava, era o último capítulo das passagens dos dois no SPFC. Não foi o que aconteceu. Ambos foram mantidos nessa segunda-feira pelo presidente Juvenal Juvêncio – quase como se nada tivesse acontecido –, o mesmo que, dias antes, havia dito com todas as letras que o clube estava a procura de um novo treinador, e que não existia mais clima para a permanência dos envolvidos na polêmica. Isso é que chamo de uma pessoa verdadeiramente convicta...

Não que Carpegiani fosse o único culpado. Mas ficou claro que nosso treinador é péssimo na hora H. Talvez por isso, tenha tão poucos títulos numa carreira de 30 anos, sendo o mais expressivo deles justamente há três décadas: campeão mundial com o Flamengo de Zico, Júnior e cia. Em 1981.

Fato, também, é que nosso elenco é limitadíssimo. Mesmo quando Luis Fabiano estrear, ainda estaremos sem laterais, sem volantes de marcação e sem um meia-armador (Lucas não é esse jogador). Por isso, apenas trocar o treinador, sem corrigir essas graves deficiências do elenco, não resolveria. Mantê-lo nos termos em que foi mantido, depois de ser fritado publicamente, tampouco. Na verdade, o primeiro passo para a solução, para mim, seria trocar toda a diretoria, a começar pelo presidente, que há três anos só dá bola fora. Mas, como isso não vai acontecer, resta aguardar – e torcer para que JJ perceba como esse elenco precisa de reforços. No Brasileiro, que começa no próximo fim de semana, parece que mais uma vez seremos coadjuvantes. Mas, depois das palavras de Rivaldo, da volta do que não foi (Carpegiani), e com JJ insistindo nos próprios erros, fica provado que o SPFC, hoje, é um barco à deriva, sem comandante, e com uma tripulação visivelmente insatisfeita.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Chico Buarque & Patrick Bruel - Samba em prelúdio

Uma raridade: o cantor francês Patrick Bruel, um dos artistas mais populares daquele país, cantando (em bom português) a bela Samba em prelúdio, de Vinícius de Moraes e Baden Powell, junto com Chico Buarque, durante apresentação do cantor brasileiro num programa da TV francesa. Vale a pena conferir.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Quando os valores são relativizados

A morte de Osama Bin Laden ainda está envolta em mistérios. Possivelmente, nos próximos dias, ou meses, algumas questões serão respondidas – mas não completamente, como é de praxe. Do que se passou até agora, o que mais chamou minha atenção foi a celebração dos populares pela morte do terrorista saudita, na porta da Casa Branca, e em outros pontos dos EUA, que começou antes mesmo do anúncio oficial.

Os Estados Unidos são um país cristão. Talvez inspirados numa má interpretação daquela passagem do Gênesis, que diz que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, os ianques – que se acham o “povo escolhido” por Deus – pretendem moldar o mundo à sua feição. Mesmo que, para isso, seja preciso relativizar os valores que eles mesmos dizem ser universais e que, por isso, pretendem impor ao mundo.

A celebração (ainda mais pública) da morte de alguém não me parece uma prerrogativa do cristianismo. Na verdade, de nenhuma pessoa sensata, independentemente de sua orientação religiosa, e de quem é ou do que fez a vítima. Pior ainda, é quando a morte do “culpado” vem sem qualquer tipo de julgamento. Ora, uma condenação desse tipo fere, vejam só, um dos pilares da...democracia! Sim, aquela mesma que os EUA dizem querer levar, à força, para o resto do mundo – mas que são incapazes de aplicá-la para si próprios. Sim, pois vale lembrar: Obama deixou claro que o objetivo era matar, e não prender, julgar e condenar o líder da Al-Qaeda. Democrático, não?

A festa na porta da Casa Branca, no domingo à noite, demonstra que democracia, o estado de Direito, e até os valores cristãos mais básicos, na ótica americana, são bons apenas quando servem aos seus interesses. Com efeito, o que se vê, desde domingo, é a confusão entre a realidade – onde qualquer pessoa acusada de um crime tem direito a um julgamento público e a defesa – e um filme de Hollywood, no qual invariavelmente o mocinho deve matar o bandido, para regozijo dos espectadores.

Antes que alguém me acuse, não, não quero defender Bin Laden. Mas, nunca é demais lembrar, são os EUA quem criaram e financiaram seu ex-inimigo público número um, quando isso lhes convinha *. Até hoje, também, as ligações de personagens importantes da política americana, por exemplo, da família Bush, com a família Bin Laden são nebulosas **. Será que o presidente americano tinha medo do que Osama poderia dizer? A quem não interessava que Bin Laden fosse capturado vivo? Nunca é demais perguntar... Além disso, independente desses fatores obscuros, é fato que sair por aí matando pessoas supostamente culpadas, sem maiores explicações, não é o caminho para resolver os problemas do mundo – ainda mais por parte de quem se considera o maior modelo de democracia do planeta. Menos ainda, celebrar essa morte, como se a vida fosse um filme de guerra do bem contra o mal.

* "Como os EUA criaram Bin Laden?" Ótimo artigo aqui (fonte: blog do Miro)
** "As ligações dos Bush com os Bin Laden": leia aqui (fonte: blog do Miro)