quarta-feira, 24 de abril de 2013

Zerou tudo


Há tempos não escrevo sobre futebol aqui no blog. Especialmente porque, à distância, tem sido difícil acompanhar o futebol brasileiro, em particular o São Paulo. Basicamente, assisti à maioria dos jogos da Libertadores e pedaços de algumas partidas do Paulista. Minha opinião não se distingue da média, que vê no SPFC um elenco de razoável para bom, mas cujo time titular, por uma série de razões (desde a saída de Lucas à ausência forçada de Luis Fabiano, passando por experiências não tão bem sucedidas de Ney Franco) não encaixou.

Contudo, o fato é que o time fez um jogo de coração contra o Atlético/MG, que lhe garantiu a vaga no mata-mata da Libertadores e terminou em primeiro, com folgas, na modorrenta primeira fase do estadual. De agora em diante, zera tudo. Domingo, contra a Penapolense – com absoluta obrigação de vitória e classificação por motivos óbvios – e, sobretudo, na quinta-feira, mais uma vez diante do Galo, começa tudo do zero. É possível ser campeão paulista e avançar na Libertadores? Sem dúvida, mesmo com todas as dificuldades. Mas, terá que jogar mais do que jogou até aqui, principalmente na competição continental. Entramos numa nova fase: é preciso esquecer o que passou e focar no futuro. O time tem potencial. Só é preciso usá-lo.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Notas de uma viagem: Cuba (segunda parte)


Já sabíamos que o avião que nos levaria para Cayo Largo seria um daqueles modelos antigos, fabricados na ex-URSS. Mas, quando você o vê, não tem como não sentir calafrios. Contudo, não há motivo para pânico: o avião atende bem ao necessário para uma viagem curta. E a excentricidade da viagem é algo para ficar na memória.

Ficamos no Hotel Sol Cayo Largo, com pacote all-inclusive mais uma vez. Hotel bom, embora não fosse luxo (quer dizer, pra gente era, mas, oficialmente, não é). E lá, fomos presenteados com novo jantar romântico, à beira mar (no entanto, mais simples que o primeiro, em Varadero), e com uma garrafa de Havana Club, o rum mais tradicional da ilha. Diante do hotel, uma praia sem muito apelo, o que nos fez passar a primeira tarde nas piscinas do próprio hotel, relaxando. Para ir às melhores praias, é preciso pegar um micro-ônibus ou, se quiser um maior contato com a natureza, ir de trenzinho. Sim, uma espécie de trenzinho que passava regularmente nos hotéis e levava os hóspedes para as duas praias mais badaladas do lugar: Sirena e Paraíso. Esta última, na verdade, poderia dar o nome não apenas à praia, mas ao local.

Cayo Largo
A água de Cayo Largo (assim como também era de Varadero) é uma transparência ímpar. Estamos no Mar do Caribe e, de fato, tudo o que se disser sobre a beleza do local ainda é pouco. Por exemplo: passear pelas praias de Cayo Largo significa tropeçar, literalmente, em estrelas do mar. Ou ver seu rosto refletido nas águas cristalinas dos espelhos d’água. A areia, de uma textura que parece um tapete, não esquenta, o que permite longas caminhadas sem aquela sensação de estar pisando numa frigideira. Contudo, ela é tão branca de quase cegar. E não é exagero: na ocasião em que pegamos uma van para nos deslocar até a praia, presenciamos o inusitado fato de que ela tinha insulfilm na parte debaixo do vidro dianteiro – e não em cima, como estamos acostumados –, para evitar o reflexo da luz na areia. Por fim, tivemos também a oportunidade de ver um show de golfinhos.

Ainda havia a possibilidade, oferecida pelo hotel, de fazermos passeios guiados pelas belezas naturais de Cayo Largo. No entanto, decidimos explorar o local sozinhos – e, descobrimos, que este era o melhor jeito, já que os passeios (pagos) fariam exatamente aquilo que fizemos, mas, naturalmente, sem a liberdade que tivemos. Contudo, se fossemos em excursão, provavelmente nos teriam informado de que na praia de Sirena é permitido a prática de nudismo, o que desconfiamos lá, e a Angelica confirmou, em pesquisa na internet, quando voltamos.

Estrelas do mar em Cayo Largo.
Em nosso hotel, encontramos ainda um simpático casal de jovens médicos brasileiros que estavam descobrindo a ilha por conta própria – e que, como nós, também tinham ficado embasbacados com aquele lugar.

Depois de três dias num verdadeiro paraíso, nossa última parada seria na capital cubana, novamente num avião daqueles antigos. Agora, já devidamente experimentados nas belezas naturais da ilha, teríamos a oportunidade de descobrir “outra Cuba”.

Havana é, em certo sentido, a cara de Cuba. É lá que você encontra boa parte dos símbolos que tornaram o país mundialmente conhecido: os carros, os prédios, às menções à Revolução etc. Ficamos hospedados no hotel Meliá Cohiba, que poucas semanas antes tinha hospedado a presidenta Dilma Rousseff, em sua primeira viagem à ilha (não se impressione: os preços dos hotéis cubanos permitem esse tipo de luxo). Mais uma vez, fomos recebidos com mimos: chocolates e champagne, além de um café da manhã especial ( que também tinha ocorrido em Varadero).

Famosa imagem de Che Guevara na Praça da Revolução,
em Havana.
A beleza natural de Havana fica por conta do Malécon, uma imensa avenida que contorna a cidade e faz divisa com o mar. Passear por ali é experimentar uma sensação de leveza única. Mas, falar de Havana é falar, principalmente, de seus bares e restaurantes, e da Revolução, que dá o tom, direta ou indiretamente, por toda a parte.

Como, dessa vez, não tínhamos mais o pacote all-inclusive, tivemos que ir atrás de restaurantes e bares para comer. Uma diversão, porque, em qualquer lugar que você vá tem música ao vivo e aquele clima de festa típico. Os preços, também, são convidativos: um excepcional filé de porco por 5 CUC (aproximadamente US$ 5), ou lagosta por 10 CUC (em torno de US$10).

O ponto turístico mais badalado de Havana é o bairro Habana Vieja, onde se concentram as principais atrações de lazer gastronomia etc., como La Bodeguita del Medio, bar famoso por seu mojito (o coquetel mais tradicional do país), e outrora frequentado pelo escritor Ernest Hemingway.

Coco-taxi, uma maneira divertida de passear
pelas ruas da capital.
Mas, não dá para andar pelas ruas de Havana, e mesmo conversar com muitos de seus moradores, sem se lembrar da história revolucionária daquele país. E, para quem gosta do tema, nada melhor do que uma parada no Museu da Revolução, que tem um enorme acervo sobre o tema, contando inclusive com roupas, armas utilizadas, correspondências entre Fidel e seus comandados (inclusive Che Guevara) etc. Além disso, basta uma olhada ao redor para perceber que tudo ali lembra a luta política travada desde 1959. Aliás, numa parada de ônibus tivemos a oportunidade de conversar com um ex-combatente da guerra de Angola, que, inclusive, achou que a Angelica era cubana!

Bom, mas não houve nada de ruim nessa viagem, então? Com certeza. O principal, a nosso ver, foi o seguinte: em plena era digital, a internet em Cuba é cara e discada. Cada hotel, por exemplo, disponibiliza poucos computadores, que, na verdade, servem para aquele basicão: mandar e-mail, dar uma olhada em algum site de notícias e só. Nada de ficar postando fotos no Face, por exemplo. A menos que queira gastar uma grana e tenha uma enorme paciência. Por conta do embargo americano (olha como não dá para deixar de pensar em política por lá), Cuba não tem acesso à tecnologia de ponta, o que dificulta e muito a vida dos moradores da ilha a esse respeito, além da dos turistas. Além disso, a vida noturna, seja de Varadero, seja de Cayo Largo, deixa um pouco a desejar. Poucos bares ou “baladas”, no sentido que conhecemos. Mas, nada que não seja compensado (e de longe) pela vida diurna.

Enfim, ir para Cuba é mais do que recomendado: a simpatia, o carinho deles pelos brasileiros, a educação (em todos os sentidos) são traços a se enaltecer. Além, claro, das paisagens que valem cada centavo investido, e da história inigualável que se concentra naquela ilha.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Notas de uma viagem - Cuba (primeira parte)


El Malécon, avenida principal da capital, Havana.
No início de abril, completou-se um ano da primeira viagem internacional que Angelica e eu fizemos – justamente, a da nossa lua de mel. Depois de muito pensar, fazer contas, ver fotos, pesquisar hotéis etc., o destino escolhido foi Cuba. Pouco usual para a maioria (várias pessoas nos perguntavam: “Cuba? Mas por quê?”), e com certo receio, seja porque nunca tínhamos viajado para fora do país, seja porque líamos muita besteira na internet a respeito da “seriedade” do local (sobre não cumprirem acordos de reserva, translado etc.), decidimos arriscar. E, antes de prosseguir, já posso adiantar: se, por preconceito ou divergência ideológica, você acha que Cuba é uma espécie de inferno na Terra, só posso dizer uma coisa: você não sabe o que está perdendo! Não que tudo seja perfeito, claro (vou relatar alguns problemas da ilha ao final do post). Mas, se alguma vez passar por sua cabeça a hipótese de conhecer um lugar paradisíaco, de paisagens naturais de cair o queixo, com gente simpática e cheia de história (em todos os sentidos), não tenha dúvidas: Cuba é o lugar.

O que pretendo fazer, neste e no próximo post, é apenas um relato geral de nossa experiência, a partir do meu ponto de vista que, acredito, é basicamente semelhante ao de minha esposa.

Preparação de mojitos em La Bodeguita del Medio,
um dos principais bares de Havana.
Como era nossa lua de mel, e nossa primeira viagem para o exterior, decidimos acertar tudo quanto possível ainda aqui no Brasil. Em geral, o pacote básico para Cuba inclui duas ou três noites em Havana, capital do país, e três ou quatro em Varadero, principal destino turístico da ilha. Por sugestão da funcionária da agência, acrescentamos, meio às cegas, duas noites numa cidade, Cayo Largo, além de mais uma noite em Varadero. No total, seriam quatro noites nesta última, duas em Cayo e três na capital. Além disso, nas duas primeiras cidades, teríamos o serviço all-inclusive, em que todo consumo de comida e bebida já está pago no valor total do pacote. Apenas em Havana teríamos a pensão mais tradicional, apenas com café da manhã. Por fim, por estarmos em lua de mel, a funcionária da agência de turismo solicitou, junto aos nossos hotéis, algum tipo de “mimo” pela ocasião. Mas o aceite ou a recusa desse pedido, só saberíamos in loco.

No Brasil, a companhia aérea responsável pelo trajeto São Paulo-Havana é a panamenha Copa Airlines. Daí, inclusive, que os voos para Cuba são feitos com escala (rápida, pouco mais de uma hora) no Panamá. A viagem é, sem dúvida, cansativa: praticamente 12 horas. Além disso, como não ficaríamos imediatamente em Havana, após chegar à capital cubana, teríamos de enfrentar ainda mais duas horas de carro até Varadero. Para se ter uma ideia, saímos do Brasil às 5 da manhã e chegamos no hotel às 18h, sendo que, em Cuba, naquele momento (antes de começar o horário de verão no hemisfério norte), havia um fuso de duas horas a mais em relação ao nosso horário.

A percepção de que a viagem seria inesquecível começou, por incrível que pareça, já na alfândega. O funcionário da vigilância sanitária, ao perceber que éramos brasileiros, soltou a frase: “Brasileiros? Ah, então podem passar!”. E lá fomos nós para nossa primeira parada.

Vista do hotel Meliá Las Américas, em Varadero.
Varadero é uma pequena cidade que, a bem da verdade, tornou-se praticamente um resort turístico. Lá, fiicamos no hotel Meliá Las Américas. Absolutamente fantástico, diga-se de passagem. Bela estrutura, piscinas, bares, restaurantes, salão de eventos, quartos espaçosos. O serviço de all-inclusive era uma tentação constante (aquela coisa de querer experimentar todos os drinks possíveis, as comidas, os frutos do mar, as porções etc.). Além disso, ao chegarmos, fomos recebidos com um bilhete de cumprimentos pelo casamento, lençóis em formato de cisne e, de quebra, ganhos um coquetel e um jantar romântico de luxo num dos restaurantes do hotel, com direito à orquestra, atendimento VIP etc. a solicitação de mimos pela lua de mel tinha dado certo. Mas, caipiras que somos, mal sabíamos como nos comportar nessas ocasiões rs.

Quanto à paisagem, fica difícil até de descrever. A areia branca, e os tons de azul da água, que se misturam, são de impressionar. Você se sente dentro de um cenário de photoshop natural rs. No segundo dia, tivemos a oportunidade de passear de veleiro pelo oceano (passeio, aliás, também incluso no valor total que já tínhamos pago, mas que só fomos descobrir lá). Sensação indescritível de contato com uma natureza exuberante.

Também indescritível era a tranquilidade de poder ir à praia (que era na frente do hotel), deixar suas coisas nas cadeiras espalhadas pela areia, e ter a certeza de que elas estariam lá, mesmo que depois de horas de ausência.

Varadero
Encontramos um casal de brasileiros na saída do hotel, quando partíamos para o próximo destino, depois de termos encontrado uma família também hospedada ali. No entanto, uma “reclamação” que ouvimos dos cubanos foi em relação ao pouco número de brasileiros que visitam a ilha. De fato, há muitos latinos lá, especialmente argentinos (além de canadenses e europeus), mas, comparativamente, poucos brasileiros – por quem, aliás, e como já tinha percebido em nossa chegada, eles nutrem um grande carinho, seja por nossas novelas (que eles adoram), seja, mais recentemente, por conta do ex-presidente Lula.

Passados quatro dias de êxtase, uma van nos pegou (exatamente na hora marcada, diga-se de passagem), para nos levar ao aeroporto. Dos três, o próximo destino seria o mais incerto para a gente: Cayo Largo. 

domingo, 7 de abril de 2013

Belchior - Apenas um rapaz latino-americano

Hoje, deixo vocês com uma música, um verdadeiro clássico de um dos maiores compositores da MPB, que, ao tocar no âmago de nossa situação, muitas vezes tem refletido o que sinto, especialmente durante essa minha estadia na capital francesa.