É claro que, ao menos a princípio, tudo indica que haverá continuísmo. Que, se Ricardo Teixeira era um câncer, como bem definiu o agora deputado Romário, José Maria Marin é sua metástase. Mas, a notícia da renúncia do ditador da CBF é daquelas que devem ser celebradas por si só. E, seguindo à risca o script de toda disputa de poder, especialmente quando envolve grupos de traços mafiosos, a saída do padrinho do futebol brasileiro abriu alguns pequenos rasgos na capa que cobria toda a política interna da CBF e de nosso futebol. Se esses rasgos serão suficientes para provocar uma verdadeira ruptura, só tempo irá dizer. Aliás, o tempo e os clubes, que como principais protagonistas do esporte nacional, deveriam ser os primeiros a favor de uma modernização da CBF, da criação de uma liga independente, de novas políticas de fortalecimento do esporte etc. Isso, para não falar do governo federal, que, na figura da presidenta Dilma, teve um papel fundamental na queda de Teixeira, e agora deveria ficar bem atenta às movimentações nos corredores da CBF. Afinal, isso implica diretamente na forma como organizaremos a Copa de 2014.
Por ora, nos resta aguardar. E torcer, muito, para que a saída de Ricardo Teixeira não seja apenas uma reedição daquela velha frase de Leopardo, filme do italiano Lucchino Visconti: “É preciso mudar para que tudo continue como está”.