
A contratação de Ney Franco é,
naturalmente, uma aposta da diretoria do São Paulo. E, como toda aposta,
sujeita a inúmeros riscos. Portanto, não é exagero dizer que é preciso
desconfiar. Em primeiro lugar, porque precisará de tempo, já que o time, embora
conte com alguns bons nomes, está uma lástima. Seu contrato vai até o final de
2013. Embora, na prática, isto não signifique nada no futebol brasileiro, ao
menos em teoria, sugere que a diretoria quer um trabalho mais longo de Ney, que
“confia” nele, diferentemente do que ocorreu na chegada de Leão. Contudo, não
sendo um daqueles treinadores “para-choque”, como Muricy ou Felipão, isto é
daqueles técnicos que, por seu currículo, são capazes de segurar um período de
vacas magras, Ney precisará de respaldo da diretoria até conseguir acertar
minimamente a equipe, o que pode sequer ocorrer em 2012. O mesmo respaldo,
aliás, dado pela diretoria corinthiana a Tite, após a eliminação da
Libertadores diante do Tolima no ano passado, que possibilitou a conquista
alvi-negra deste ano. Ocorre que apoio a técnicos é algo que a diretoria,
especialmente o presidente (?) Juvenal Juvêncio, não tem oferecido. Muito pelo
contrário.
Além disso, é fato que Ney carece
de um grande trabalho à frente de uma equipe do tamanho do São Paulo, para
poder alcançar o patamar de técnico de ponta. Num clube mais organizado, talvez
tivesse seu trabalho facilitado. Mas, no atual momento do SPFC, terá uma
dificuldade a mais. A pressão por títulos, certamente ampliada depois dos recentes
sucessos dos rivais, somada ao desastre da administração JJ, podem fazer Ney
Franco balançar mais do que deveria. Aí, voltamos ao primeiro ponto. Se não
tiver respaldo explícito da diretoria, Ney pode não aguentar, fazendo o São
Paulo perder mais tempo ainda para se reestruturar e voltar a sonhar alto.
No entanto, é preciso reconhecer
que Ney é um cara sério e estudioso. Sabe trabalhar com jovens, e arma bem suas
equipes, não sendo retranqueiro. Por isso, insisto: mais do que qualquer outro
fator, o sucesso de Ney depende diretamente da forma pela qual Juvenal e seus
asseclas se comportarão nos inevitáveis momentos de derrota – que, dado o
panorama atual do time, podem sim se prolongar por mais tempo do que o
desejado, sem que isso seja culpa do novo treinador. Diante disso, entendo que
uma vaga na Libertadores 2013 seria fantástico. Mas, caso não a consiga, isso
não deve significar o fim do mundo. O time está um caos, e Ney não poderá
reverter isso da noite para o dia. A avaliação deve ser em cima do trabalho no
dia a dia, não apenas dos resultados.
Enfim, nos resta aguardar os primeiros
passos de Ney à frente do SPFC e torcer pelo seu sucesso. Boa sorte!