domingo, 26 de agosto de 2012

Terminou o 1º turno do Brasileirão. E agora?

Uma vez findo o primeiro turno do Campeonato Brasileiro, algumas projeções já podem ser feitas para a fase final da competição. Atlético/MG e Fluminense devem mesmo se firmar na luta pelo título, com Vasco e Grêmio correndo por fora. O Galo, aliás, sobrou nesta primeira metade do campeonato e, se continuar assim, deverá ser campeão até com alguma facilidade. O Flu, embora tenha um elenco forte, e seja o único que demonstra condições de impedir uma escapada do time mineiro, ainda não apresentou um futebol realmente empolgante.

No que diz respeito à Libertadores, um eventual vacilo de um dos quatro primeiros – nesse sentido, talvez o Vasco viva hoje o pior momento dentre os líderes, e seja o mais passível de “refugar” no returno – São Paulo, Inter, Cruzeiro, Botafogo e Santos, times com potencial, mas extremamente inconstantes, podem sonhar com uma vaga na Libertadores. Lá embaixo, a situação aprece mais embolada e, fora o Figueirense, e talvez o Sport, os outros seis ou sete últimos, inclusive o Palmeiras, correm risco de rebaixamento. 

Falando do São Paulo mais especificamente, esse primeiro turno foi marcado pelos altos e baixos da equipe, explicados, respectivamente, pelos bons momentos de Lucas e Luis Fabiano, quando estes puderam jogar, ou pelo péssimo desempenho defensivo da equipe. Se Ney Franco conseguir melhorar um pouco a defesa são-paulina (para tanto, a volta de Wellington, a consolidação de Paulo Assunção e o recente crescimento no futebol de Denilson podem ajudar e muito), o time pode, na esteira da ótima vitória diante do Corinthians nesta última rodada do turno, conseguir uma imediata sequência positiva, sem tantos tropeços (digamos, 13 ou 14 pontos nas seis primeiras rodadas do returno), que o habilitariam a roubar uma das vagas para a Libertadores dos atuais líderes.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

The Cure - Friday I'm Love

Há exatos 5 anos, precisamente numa sexta-feira, 17 de agosto, Angelica e eu começamos nossa história. Meia década depois, já casados, só posso agradecê-la por esse período maravilhoso em que posso desfrutar de seu amor, sua amizade e sua companhia. Muito obrigado, Angel!
E, para marcar esta data, uma música cujo título diz tudo: It's Friday, I'm love!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Brasil - Olimpíadas e a nossa realidade esportiva


 Outra edição dos Jogos Olímpicos se aproxima do fim, e não dá para negar a sensação de que o desempenho brasileiro, em número de medalhas, ficou aquém do desejado e de nosso potencial - impressão que uma ou outra medalha a mais que não veio em nada mudaria. A meu ver, dentro da realidade dos atletas de ponta, o principal responsável por esse cenário, para além das contingências de cada competição, é o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, cuja atuação à frente da entidade é calamitosa. Aliás, não só a dele, mas o da maioria dos presidentes de confederações esportivas. O que a boxeadora Adriana Araújo, medalha de bronze em Londres, disse a respeito do presidente da Confederação Brasileira de Boxe (leia aqui), certamente pode ser estendido e aplicado ao de outras tantas modalidades. Presidentes preocupados apenas com o dinheiro que recebem de patrocínios e governos e pouco se lixando para os atletas e o desenvolvimento esportivo do país.

“Ah, mas o governo também tem culpa!”, poderá retrucar alguém. Sem dúvida. No entanto, me parece que a “culpa” maior do governo (ou dos governos, uma vez que o esporte não é assunto apenas da alçada federal) não se refere exatamente aos atletas olímpicos em sua maioria. Estes, em bom número, são auxiliados, especialmente pelo governo federal, seja pelo bolsa-atleta – criado por Lula em 2004, cuja verba, aliás, contribuiu para nossos dois ouros individuais, de Sarah Menezes e Arthur Zanetti; seja através do patrocínio de estatais – basta ver, sobretudo em outras competições, nas quais os atletas utilizam uniformes próprios, as logomarcas da Caixa, do Banco do Brasil, dos Correios, da Petrobras etc., e a quase ausência de logomarcas de empresas privadas para se ter ideia da relação entre capital público e privado no montante do patrocínio total dos atletas (este último muitíssimo menor do que o primeiro, salvo em uma ou outra modalidade).

A principal falha do governo, em minha opinião, é não desenvolver uma política pública efetiva de promoção do esporte nas escolas. É desnecessário lembrar da defasagem estrutural de grande parte dos prédios escolares no Brasil, o que impede muitos alunos de terem aulas de educação física, consequentemente, um primeiro contato com a prática de outros esportes para além do futebol. Contudo, mesmo naquelas escolas que contam com uma quadra minimamente decente, a própria concepção da aula de educação física – muitas vezes vista como mera recreação por parte dos alunos e “tempo perdido” por parte dos profissionais da educação – não favorece a disseminação do esporte, do cuidado com a saúde, e de alguns valores que este pode proporcionar: o espírito de solidariedade, a competição sadia, o “aprender a perder”, a superação, a determinação, dentre outros.

Assumir o esporte, desde a base, isto é, desde as escolas, como meio de inclusão social, promoção de cidadania e disseminação de valores positivos para o convívio social: esta, a meu ver, deveria ser a tarefa primordial do governo, num trabalho integrado entre MEC, Ministério dos Esportes, governos estaduais e municipais – trabalho este que se existe, ainda deixa muito a desejar. Melhorar a estrutura das escolas, rever o conceito da educação física no âmbito escolar, auxiliar na construção de centros poliesportivos pelo interior do país, sem claro, descuidar da outra ponta, dos atletas de nível nacional e internacional de competição. Mais do que verba, pura e simplesmente, a vontade política de todos os atores é fundamental. Apenas assim, o esporte poderá contribuir para uma formação cidadã mais completa e que tanta falta nos faz. A existência de campeões olímpicos, atletas de ponta etc. será uma consequência natural da concretização deste movimento.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Sobre a contingência


Há pelo menos duas grandes orientações filosóficas do estudo da contingência que se conflitaram no século XX. A primeira, da qual podemos imputar seu delineamento a Sartre, tem o objetivo de contrapor às teorias cientificistas e positivistas que previam maior ou menor grau de determinação do indivíduo, uma teoria da liberdade. Na filosofia sartriana, por exemplo, dizer que o existente é contingente é a contrapartida da noção de que ser humano é igual a ser livre. E a liberdade, para Sartre, só faz sentido enquanto imperativo para a ação. Porque, no homem, a existência precede a essência, o ser humano é aquilo que ele se faz. Mas, o que ele fará de si não está determinado por nenhuma instância a priori. Assim, a tomada consciência do caráter contingente de nossa existência, ao mesmo tempo em que provoca “náuseas” devido à perda de nossas referências e de nossa estabilidade – como em Antoine Roquentin, personagem principal do romance sartriano A náusea –, é também o que nos chama a agir, a criar nosso mundo, nossa história e nós mesmos. É a senha, enfim, para a busca de algum sentido cujo horizonte, longe de estar pré-determinado, é desenhado por nós mesmos, inclusive em termos sociais.

Por outro lado, em alguma medida radicalizando essa posição expressa por Sartre, mas subvertendo-o negativamente, o discurso pós-moderno, fortemente inspirado pela filosofia pós-estruturalista, faz da contingência o traço distintivo de toda a realidade. No entanto, transmuta o caráter ativo da primeira orientação numa celebração frívola da efemeridade e da volatilidade da experiência. Porque nada é necessário, ou melhor, porque a própria oposição entre necessidade e contingência é compreendida como uma questão presa aos ditames de uma “racionalidade monológica” (a Razão moderna), o discurso pós-moderno desloca o caráter positivo que decorre daquela noção de contingência em nome de uma suposta volubilidade das verdades, de uma liquefação da vida. Desconhecedor de qualquer sentido de continuidade, festeja um tempo que se esgota no presente vivido, no instante fugaz, na adesão à descontinuidade, na afirmação de um aqui-agora sem profundidade. Nesses termos, do caráter contingente da realidade, a concepção pós-moderna, apesar do discurso à primeira vista atraente, conduz à afirmação mais ou menos implícita da inutilidade das ações coletivas (sobretudo aquelas de maior envergadura, mais “utópicas”), porque forçosamente incapazes de contornar (logo, diferentemente do que a concepção de Sartre previa) o caráter gratuito da realidade, isto é, de conferir-lhe algum sentido. No limite, portanto, à apatia e à assunção do niilismo. Não surpreende, assim, que esse discurso sirva de substrato ideológico da fase contemporânea do capitalismo.