Decidi esperar um pouco para escrever sobre a final do Mundial de Clubes do último domingo, para evitar qualquer avaliação elaborada no calor do momento, no êxtase provocado pelo futebol do Barcelona. Acho que não consegui. Marx dizia que não se julga uma época pela opinião das pessoas que viveram naquela época, pois faltaria a elas, naturalmente, perceber a dimensão e as consequências que são atos causariam. O bom e velho “olhar distanciado”, que permite compreender retrospectivamente, de maneira mais profunda e “racional”, menos “emocional”, o que se passou. Na maioria dos casos, isso se aplica perfeitamente, sobretudo em domínios como a política ou a economia. Mas, às vezes, é possível se afirmar, mesmo sem o devido distanciamento histórico, que estamos diante de um fato que claramente “entrará para a história” e, certamente, terá um impacto duradouro em determinada área da vida social, ou mesmo em toda ela. No caso do futebol, entendo que vivemos algo assim. Talvez ainda esteja tocado pelo que vi nos últimos tempos. Mas, de qualquer forma, não poderia deixar de escrever algumas linhas, mesmo que seja para renegá-las ou redimensioná-las mais tarde.
É difícil acrescentar alguma adjetivação ao futebol do Barcelona que já não tenha sido elencada nos últimos tempos e, no caso brasileiro em particular, desde o último domingo às 10h30min, mais ou menos quando o baile do time catalão sobre o Santos terminou. Aliás, é preciso registrar: precisou que o Barcelona massacrasse o time mais badalado do país para que uma parte da imprensa e da torcida finalmente entendesse a dimensão do que estamos vivenciando neste esporte. Na minha opinião, resumiria simplesmente como revolucionário.

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