No próximo dia 11 de setembro se
completam 40 anos do golpe dado pelo general Augusto Pinochet, no Chile. Com
ajuda direta da CIA (o serviço de inteligência norte-americano), o golpe acabou
com a primeira experiência de um governo de viés socialista/marxista democraticamente
eleito, o de Salvador Allende, implementando naquele país uma ditadura das mais
sanguinárias do século XX, e que durou até 1990.
Num
momento em que mais uma guerra imperialista se avizinha, em que a América Latina avança pela esquerda, e em que explodem
denúncias de espionagem dos EUA em países como o Brasil, visivelmente por conta
da posição estratégica que nosso país ocupa (em termos de liderança regional e
mesmo global, em relação a seus recursos energéticos e a seu potencial
produtivo etc.), nunca é demais resgatar a experiência chilena – e o papel ativo que os norte-americanos desempenharam no golpe que pôs
fim ao governo Allende. É sempre preciso lembrar o modus operandi frequentemente adotado pelos
EUA, que não conhece quaisquer escrúpulos para salvaguardar os
interesses do capital, se colocando sempre
disposto a agir, da maneira que convier, para sufocar o menor sinal de
autonomia de seus “subordinados”. A experiência chilena também nos ensina que a direita, mesmo num ambiente de aparente
estabilização democrática, está disposta a tudo para impedir o sucesso de
qualquer governo que se disponha a mexer em seus interesses: de sabotagens
econômicas a manobras políticas ilegais, inclusive com auxílios
externos, tudo vale em nome da manutenção da ordem
vigente. E que, diante disso, a análise correta, sem mistificações, da chamada “correlação de
forças” é um elemento imprescindível: conquistar o Estado e conquistar o poder são coisas que nem sempre caminham juntas - e esse descompasso jamais pode ser negligenciado numa análise política. Por fim, a via chilena
também nos alerta que, num quadro de tensão, o inimigo pode estar mais perto do
que se imagina: nunca é demais recordar que Pinochet, até então homem de confiança de Allende, foi nomeado, poucas semanas antes do
golpe, chefe das Forças Armadas chilenas, numa das
últimas tentativas do presidente socialista de conter o processo de golpe em
curso.
Mas, acima de tudo, o legado e o
exemplo de Allende devem servir de inspiração e força para as lutas que temos travado, cotidianamente, no Brasil e na América Latina. Mais do que nunca, é preciso dizer a plenos pulmões: Allende vive!
Enfim, deixo vocês com o heróico
discurso final de Salvador Allende, de dentro do Palácio Presidencial La Moneda ,
momentos antes do bombardeio ali realizado pelo exército chileno que, selaria o
golpe.
"Mais cedo do que tarde, se abrirão novamente as grandes alamedas por onde passará o homem livre, para construir uma sociedade melhor" (Salvador Allende)
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