As Olimpíadas foram,
inegavelmente, um sucesso. Do lado de fora, mostramos, mais uma vez, do que
somos capazes. Os jogos serviram para levantar um pouco nossa autoestima e
recuperar nossa imagem diante de mundo, ambas tão desgastadas após o show de
horrores do último 17 de abril, data da votação na Câmara dos Deputados do
impeachment da presidenta Dilma. Do lado de dentro, grandes competições, descoberta
de novos esportes, novos ídolos, recordes e momentos históricos que já deixam saudades.
Nesse quesito, aliás, é preciso
perguntar: e agora? A pergunta é pertinente porque, apesar de ter alcançado seu
melhor resultado em termos de medalhas, o esporte olímpico brasileiro tem um
futuro um tanto quanto sombrio. Primeiramente, por conta de um problema
crônico, que já abordei aqui no blog, logo após os jogos de Londres: a histórica
falta de uma política esportiva de base, desde as escolas, que utilize o esporte
em sua mais importante faceta em um país como o nosso: aquele da inclusão
social. As ações até aqui arroladas nesse sentido ainda são tímidas, e estão
longe de contemplar todo o potencial que temos. Quem sabe, o uso das
instalações olímpicas que ficaram de legado não possam ser mais um passo rumo a
esse ideal...
Ademais, no âmbito dos atletas de
ponta, a situação que se avizinha pode ser catastrófica. Afinal, o governo
Temer já anunciou que pretende por um ponto final nos programas de ajuda
governamental aos atletas (que se estendem dos patrocínios de empresas estatais
ao Bolsa-Atleta, passando também pelo acordo com as Forças Armadas). A grande
maioria de nossos competidores no Rio era agraciada com algum apoio desse tipo,
inclusive vários de nossos medalhistas. A melhora na classificação final, diga-se,
é indissociável desse suporte, que se estende desde meados da década passada.

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