“A esperança venceu”. Esta foi a primeira postagem do Twitter
do partido grego de esquerda Syriza, após as pesquisas de boca de urna apontarem
para uma vitória folgada nas eleições gerais daquele país, ocorridas neste
domingo.
Trata-se, sem dúvida, de um sopro de esperança. Nascido em
meio à crise econômica que há anos acomete a Grécia – crise que é um fruto
direto das políticas de austeridade impostas pela União Europeia –, o Syriza
representa uma esquerda diferente daquela tradicional (social-democrata), que
hegemoniza este campo político em território europeu. E isso não apenas por sua
prerrogativa de horizontalidade e democracia interna (o que já seria louvável).
É que, diferentemente do PS francês, por exemplo, que venceu seu pleito
nacional em 2012 sob o lema da mudança, mas rapidamente se alinhou à linha
ortodoxa da UE, o partido da esquerda grega promete não recuar. Radical, mas com
um pé no chão (ou seja, sem capitular, de um lado, ao neoliberalismo, de outro,
a utopismos estéreis), a linha política do partido liderado por Alexis Tsipras
concentra, assim, as esperanças de que a soberania e a vontade do povo grego
possam se sobrepor à sanha especulativa do capital financeiro, reduzindo o
desemprego e as desigualdades ampliadas pela política de austeridade adotada pela
Grécia desde que se integrou à UE.
Enfim, a vitória do Syriza oxigena o mofado quadro político
europeu. Mais ainda: renova as expectativas da esquerda, não apenas europeia, mas
também mundial. Pois, em que pese as diferenças de continente a continente, se obtiver
êxito, o Syriza pode representar o nascimento de uma fecunda linha de renovação
da esquerda democrática, neste início de século, cujas lições poderão ser úteis,
inclusive, para além das fronteiras do velho continente.