Esse post é uma espécie de
colagem de postagens que escrevi em minha página pessoal do Facebook e que, pela
gravidade da situação, decidi registrar também aqui no blog.
Pode-se
detestar Lula pelo motivo que for. Mas, em uma democracia, há um princípio
elementar de que todos devem ser igualmente tratados perante a lei. Não é o que
está ocorrendo. Há uma caçada inteiramente voltada a uma pessoa, um grupo, um
partido. Um estado de exceção patrocinado pela grande mídia disfarçado de republicanismo. Um exemplo dessa
parcialidade? Eis como Sandra Annenberg deu início ao telejornal que ela
comanda na Rede Globo: “Boa tarde. Essa é uma edição especial do Jornal Hoje”. Precisa
dizer mais alguma coisa?
Por isso, quem não gosta do Lula
ou do PT pode até celebrar hoje. Mas, deve ter em mente que, amanhã, esse
estado de exceção pode se voltar contra qualquer outra pessoa – inclusive de
quem hoje bate palmas –, a critério de quem estiver no poder.
E, antes que venham com pedras, e
para deixar claro: se há indícios de enriquecimento ilícito, de crimes
praticados etc., que se investiguem e punam Lula, Dilma e o PT. Ótimo. É para
isso que a Polícia Federal recebeu um aporte inédito de dinheiro e estrutura
nos últimos 12 anos.
Mas, que se faça o mesmo, por
exemplo, quando delatores citam propinas para figuras de outros partidos - como
já fizeram com Aécio Neves, para mencionar apenas um. Ou que se conduza
coercitivamente figuras que claramente usam seu poder para atrapalhar as
investigações, como Eduardo Cunha.
Se há problema em empreiteiras
terem doado dinheiro para o Instituto Lula, ok. Elas doaram milhares de reais
para o Instituto FHC também. Por que apenas um é alvo de investigação e de
condução coercitiva?
Há uma série de indícios de
corrupção na Petrobrás desde muito antes de o PT sonhar em chegar ao poder. Por
que o foco da Lava Jato é exclusivo a partir de 2003?
Portanto:
o que (me) incomoda não é a investigação a Lula ou ao PT. Nem mesmo, se for o
caso, que venham a ser punidos de forma severa, caso se comprovem os crimes de
que são acusados. O que me incomoda mesmo – e isso é a base de um estado de exceção,
portanto, de afronta à democracia – é a tentativa de se criar uma narrativa de
demonização de apenas um dos lados. Ora, qualquer pessoa com um mínimo de bom
senso e conhecimento histórico e político – ou mesmo, qualquer um que tenha
acesso ao Google e disposição para uma pesquisa rápida – sabe que as coisas são
muito diferentes do que essa farsa burlesca tenta vender.
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