domingo, 27 de outubro de 2013

O incrível trabalho de Muricy Ramalho

O trabalho de Muricy Ramalho à frente do São Paulo tem sido incrível. Quando ele foi contratado, tinha esperança de que pudesse salvar o time do rebaixamento. Esperava algo como uma salvação na última rodada, aquela coisa dramática de sofrimento até o fim. Mas, a encomenda saiu-se melhor do que eu, e imagino que qualquer são-paulino imaginava. Muricy não apenas recuperou jogadores, como Ganso, Maicon e Aloísio, ou conseguiu fazer com que outros meia-boca, como Ademílson, Reinaldo ou Paulo Miranda não comprometessem a estrutura do time. O maior mérito de Muricy, a meu ver, foi ter reerguido o moral do time, feito do São Paulo, novamente, um time grande, mesmo que com um elenco limitadíssimo. A torcida comprou a ideia e o resultado se mostra na tabela. Estamos a dois ou três pontos de nos livrarmos matematicamente do rebaixamento (com 21 a disputar), sonhando com um bi-campeonato da Sul-americana e, mais importante, jogando, dentro das possibilidades, um bom futebol, de cabeça erguida e ofensivo.

Claro, o sucesso de Muricy não pode apagar o fato de que só chegamos naquela situação dramática, a pior de nossa história, graças aos erros frequentes da diretoria e, sobretudo, de Juvenal Juvêncio. Espero que, no próximo ano, a nova diretoria (e espero que seja nova mesmo, pois acredito que uma vitória da oposição seria salutar para o clube neste momento), veja no terceiro mandato de Juvenal o exemplo do que não fazer com o clube, e comece a reconstruí-lo na direção vitoriosa que caracterizou as últimas décadas do tricolor paulista. Nesse sentido, ter alguém como Muricy no banco será um ponto de apoio importante para que, em 2014, não celebremos apenas a permanência na série A.

sábado, 19 de outubro de 2013

Poética

Em homenagem ao centenário de Vinícius, o "poetinha", celebrado neste 19 de outubro.




















Poética

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço
-Meu tempo é quando

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Bruce Springsteen - Bobby Jean

Quando o Bruce Springsteen veio ao Rock in Rio, mês passado, conhecia várias músicas dele, gostava de uma ou outra, mas não era propriamente fã. Na verdade, o fato é que eu nunca tinha prestado a devida atenção em sua obra. Talvez porque, embora seja quase um mito nos Estados Unidos e em outros países, ele curiosamente não seja tão conhecido no Brasil. Ou, quem sabe, por sua música fugir um pouco ao estilo clássico do rock'n'roll, que eu adoro, com solos de guitarra e refrões mais marcantes. Mas, depois do show no Rio de Janeiro, que pude acompanhar pela TV, minha percepção mudou completamente. Confesso que me tornei fã: fui atrás de suas músicas, CD's, passei a estudar as letras, tirar as músicas no violão e na guitarra etc. Enfim, quis conhecer, de verdade, seu trabalho (como, aliás, faço com todo artista "novo" que me desperta a atenção). E descobri o quanto ele tem a oferecer. Seja pelas melodias tão bem executadas pela E-Street Band, que o acompanha, seja pelos versos críticos, com cunho social e político, ou pelos shows com uma simpatia única e uma energia contagiante para um senhor de 63 anos. É um artista, enfim, a descobrir.

Por ora, deixo vocês com uma de minhas preferidas, Bobby Jean, de um de seus principais álbuns, Born in the USA, de 1984.

   

sábado, 5 de outubro de 2013

Começa o xadrez para 2014

A ida de Marina Silva para o PSB redesenhou o panorama político para as eleições presidenciais de 2014. Se, antes, tínhamos três candidaturas da oposição com chances de disputar um eventual segundo turno com Dilma Rousseff, agora, este número passou para duas ameaçando se tornar uma única. Expliquemos.

A princípio, disputam contra Dilma a chapa do PSB (Eduardo Campos e Marina Silva) e mais uma encabeçada pelo PSDB (Aécio Neves, provavelmente, ou José Serra). Com dois pré-candidatos à presidência, ao que parece, a definição da cabeça de chapa dos “socialistas”, que a princípio seria do dono do partido, Eduardo Campos, poderia migrar para Marina, caso aquele continue estagnado na faixa dos 5% das intenções de voto, contra os atuais 20% de sua nova correligionária. Seria o movimento natural de quem deseja ganhar a eleição, ou ao menos ir para o segundo turno, entregar a cabeça para o candidato mais bem posicionado nas pesquisas de intenção de voto.

Se este movimento vier a se concretizar, quem ficaria isolada seria a candidatura tucana. A exemplo de Campos, o PSDB, até agora sem conseguir deslanchar nas pesquisas, mas sem um apoio de peso como o de Marina, desponta não mais como segunda, mas como terceira força no cenário eleitoral. Some-se a isso o fato de, em Minas Gerais, terra de Aécio, os tucanos não contarem com um nome de peso para tentar seguir à frente do governo do estado, e temos desenhado um cenário em que o ex-governador mineiro poderia abrir mão de uma candidatura própria, lançar-se novamente ao governo de Minas e apoiar Marina. Neste caso, se formaria uma ampla coalizão contra o que Marina Silva acaba de definir, no melhor espírito da direita latino-americana (quem diria!) como o “chavismo do PT”.

Contudo, a criação desse cenário depende de algumas variáveis importantes. Em primeiro lugar, que Eduardo Campos aceite ceder a candidatura à presidência para Marina. Por enquanto, é o oposto que se aventa mais provável. Mas, como dissemos, a manutenção do nome de Marina à frente do de Campos nas pesquisas de intenção de voto, pode modificar este panorama até junho do próximo ano, quando se definem os candidatos.

Além disso, não deverá ser simples para o PSDB, a essa altura, abrir mão de uma candidatura própria. Isso marcaria, no limite, o fim do partido. Nesse sentido, a própria permanência de Serra nos quadros do partido pode indicar que, num caso em que a derrota seja considerada como praticamente certa, isto é, em que os tucanos não vislumbrem sequer passar para o segundo turno, Serra poderia ser rifado por Aécio apenas para manter o PSDB como “opção” (até porque, no fim das contas, o ex-governador de São Paulo tem mais potencial de votos do que Aécio) – ao mesmo tempo em que tenta salvar seu ninho em Minas Gerais.


É verdade que muita água ainda vai passar por debaixo dessas pontes. Por ora, o certo é que, no xadrez para 2014, a movimentação de Marina, com sua aliança com Campos, a coloca como principal opositora a Dilma no próximo ano. A pergunta que fica é: oposição à esquerda ou à direita? Infelizmente, tudo indica que a “sonhática” candidata parece disposta a abrir mão de seus ideais (aqueles que supostamente norteariam a criação da natimorta “Rede sustentabilidade”), e mesmo de um programa alternativo progressista para o Brasil, exclusivamente em nome de “tirar o PT do poder”. Nesse sentido, depois do apoio aberto da Natura, do Itaú e, mais veladamente, da família Marinho, ser companheira de partido de Heráclito Fortes e da família Bornhausen parece ser apenas mais um passo nessa direção. Contudo, é preciso aguardar. Fica a expectativa, e mesmo a torcida para que, ao contrário do que se pode depreender de suas últimas declarações, a presença de Marina Silva nas eleições de 2014, como candidata à presidente ou vice, seja não apenas parte de um rancoroso (e direitista) plano “anti-PT”, mas que ela encabece um efetivo projeto capaz de polarizar as discussões políticas do próximo ano mais à esquerda do que aquelas que tivemos nas eleições de 2010. Neste caso, ganharíamos todos, inclusive os eleitores de Dilma, que assiste tudo de camarote.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

O fim da MTV


Ontem, 30 de setembro de 2013, depois de 23 anos ininterruptos no ar, a MTV Brasil encerrou suas atividades. No lugar, uma “nova” MTV, que em nada lembra o canal que marcou a adolescência de tantos jovens, especialmente em sua primeira década de existência, vai ao ar.

É verdade que a MTV Brasil há muito deixava a desejar. Eu, por exemplo, que fui um telespectador assíduo entre meados dos anos 1990 e início dos 2000, há muitos anos não acompanhava mais a emissora, cada vez mais distanciada de suas raízes musicais e de seu arrojo vanguardista. Verdade, porém, que o acesso à música  e a clipes, na era da internet, inviabiliza e muito  a proposta original da MTV. Mas, nas últimas semanas, a reexibição de antigos programas e entrevistas com ex-VJs da casa me provocou uma série de viagens ao passado. Lembranças de quando aguardava a exibição de um clipe, informações sobre um disco novo a ser lançado, de alguma banda que viria para o Brasil... Claro, achava que o rock era escanteado na programação da emissora (me recordo como várias vezes ficava lutando contra o sono para poder ver, às segundas-feiras, meia-noite, o Fúria MTV, única faixa do canal dedicada exclusivamente ao rock pesado). Ainda assim, as lembranças positivas são as que permaneceram. Lembro-me perfeitamente do impacto que tive quando vi pela primeira vez o clipe de November rain, do Guns 'n Roses, ou quando vi o "Unplugged" do Kiss; o show de lançamento da turnê do “Volume dois” dos Titãs, ou a primeira exibição na íntegra do Acústico da Legião Urbana, entre tantos outros momentos e descobertas (frequentemetne gravados em antigos VHS já perdidos). Nesse período de nostalgia, me lembrei que num determinado momento, cheguei a ter um pôster da Sabrina Parlatore no meu quarto! rs

No momento em que eu começava a me apaixonar por música, sobretudo o bom e velho rock’n’roll, e em que despertava o sonho de, com uma guitarra nas mãos, montar uma banda como a de meus tantos ídolos, a MTV Brasil foi fundamental para que eu pudesse me aproximar desse universo tão rico.

Enfim, o fim da MTV Brasil leva um pedacinho de uma das fases mais felizes de minha vida, aquela embalada nos doces – e, de alguma forma, eternos – sonhos de juventude.