sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Reta final do Brasileirão


No dia 26 de agosto, publiquei um post (leia aqui) com um balanço do primeiro turno do Brasileirão e alguns prognósticos para o segundo turno. As previsões basicamente se confirmaram, conquanto eu não acreditasse numa queda tão acentuada do Vasco, nem que o Fluminense, virtual campeão, fosse capaz de disparar na primeira liderança. Tampouco, acreditava que o Palmeiras chegasse a essa altura tão próximo do rebaixamento, embora ainda ache que é possível que os palestrinos escapem.

Quanto ao São Paulo, as últimas rodadas demonstraram um amadurecimento da equipe, que conta, depois da afirmação de Denílson e Wellington como volantes e, surpreendentemente, de Paulo Miranda na lateral, com um sistema defensivo mais sólido. Na frente, além do motorzinho Lucas, Osvaldo finalmente tem mostrado serviço, e Luis Fabiano continua o artilheiro de sempre. Por isso, é absolutamente plausível acreditar na última vaga para a Libertadores, hoje restrita a São Paulo e Vasco, mas com boa vantagem para o tricolor do Morumbi, que conseguiu abrir cinco pontos do rival carioca. No entanto, é preciso abrir o olho: as próximas rodadas serão difíceis para o time do Morumbi, que enfrenta Flamengo e Sport fora, Fluminense em casa e Grêmio fora. É a hora de o São Paulo definitivamente se garantir na competição sul-americana do próximo ano. Algo que, para um time que teve Leão no comando por sete meses, é uma grande conquista.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O PT, Chávez e Che


O dia 07 de outubro de 2012 foi um dia especial para a luta dos trabalhadores e para as causas populares. No plano nacional, apesar de algumas derrotas importantes como em BH, Recife (para não falar da minha São Carlos, que depois de 12 anos petistas entregou dolorosamente a prefeitura para os tucanos), o PT obteve recorde histórico de votos para prefeito, consolidando seu crescimento constante na última década. Enquanto PDSB, DEM e mesmo o PMDB encolheram, o PT obteve 17, 2 milhões de votos neste ano, contra 16,5 milhões em 2008 (o que representou também um aumento significativo no número de prefeituras comandadas pelo partido, que até aqui somam 624). Isso apesar da campanha permanente contrária da grande mídia e de certos setores da sociedade, que, neste ano, abastecidos com o julgamento do “escândalo do mensalão”, não se cansaram de emitir prognósticos sobre uma suposta derrocada do partido. Mas, o que o impacto nulo que o circo armado pelo STF para condenar os dirigentes petistas às vésperas do primeiro turno das eleições demonstrou, é que o PT não morrerá por decreto de ninguém, porque sua causa é justa, porque o projeto político popular de justiça e igualdade social que o partido representa (apesar de todas as suas contradições) não desaparecerá enquanto não for plenamente realizado.

No plano internacional, a vitória expressiva de Hugo Chávez, na Venezuela, acentuou o caráter histórico desse dia. Afinal, o presidente venezuelano enfrentou uma batalha não apenas contra seu adversário direto, o direitista Henrique Caprilez, e contra os problemas naturais de seu governo, mas também contra a burguesia local, com todo seu poder econômico, político, e midiático; contra a torcida escancarada das burguesias latino-americanas e de seus porta-vozes da grande imprensa (basta notar que o destaque dos jornalões e das TV brasileiras foram a boa votação de Capirlez, jamais a vitória chavista, que para eles nunca teve mérito por nada, mas só ganha porque “controla” o povo e a imprensa); e contra o imperialismo norte-americano. A vitória de Chávez é, como já havia dito no post anterior, a vitória da América Latina livre e progressista, de nossa soberania e de nosso processo de integração calcado na solidariedade e na justiça social.

Aliás, por falar nisso, nesta terça-feira, 09 de outubro, completam-se 45 anos do assassinato de Ernesto “Che” Guevara. Embora esteja longe de ser uma data festiva para a esquerda (na verdade, para toda a humanidade), ela nos lembra da importância da luta e do legado deste homem excepcional, a quem o filósofo francês Jean-Paul Sartre certa vez definiu como "não apenas um intelectual, mas também o homem mais completo de nosso tempo e o ser humano mais perfeito de nossa era". Pois, como bem disse o companheiro Stanley Burburinho no twitter (@stanleyburburinho), “há 45 anos assassinaram Che Guevara, mas não conseguiram matá-lo”. De fato, o sonho de Che por uma América livre, por uma sociedade justa e fraterna, segue vivo. Apesar de todos aqueles que lutam para sufocá-lo. 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Na Venezuela, o futuro da América Latina


No próximo domingo, dia 07/10, enquanto os olhos dos brasileiros estiverem voltados para as eleições municipais, em outro pleito decisivo, na Venezuela, o futuro de toda a América Latina estará em jogo. O atual presidente Hugo Chávez tentará sua reeleição, numa disputa com o direitista Henrique Capriles, candidato da elite local e dos EUA.

Chávez foi o primeiro presidente de esquerda eleito após a onda neoliberal que assolou nossa região nos anos 1980/1990, em 1998. Com um governo popular, de inversão de prioridades e privilegiando as classes mais baixas, vem promovendo uma verdadeira revolução naquele país, financiada pelo dinheiro do farto petróleo venezuelano (daí o interesse dos EUA na Venezuela), que pela primeira vez é usado para atender os interesses do povo, e que permite a setores historicamente marginalizados, o papel legítimo de sujeitos políticos de seu país. Isto, naturalmente, provocou uma tensão permanente no país, um processo agudo de luta de classes. Sobreviveu (literalmente) a um golpe de Estado em 2002, promovido pela burguesia local com apoio norte-americano. Foi reeleito em 2005, e agora tenta prosseguir sua “Revolução Bolivariana”. Tem apoio popular, lidera todas as pesquisas de intenção de voto com boa margem (cerca de 20%), mas luta contra forças que sabidamente podem se valer de qualquer meio para conseguir seus objetivos – a começar pelo imperialismo norte-americano.

O medo dos apoiadores de Chávez é que a oposição não reconheça os resultados das eleições do dia 07 (se de fato perderem) e tentem – sob a acusação de “fraude”, “compra de votos” etc. – desestabilizar o país e sua democracia. Independentemente das críticas pontuais que se possa fazer a Chávez, ao seu governo etc., neste momento, é preciso ter em mente que uma derrota chavista seria um duro golpe no cenário progressista, que tomou conta da região depois de sua vitória e da vitória de Lula, em 2002. Hoje, a América Latina, especialmente no Sul, é um verdadeiro laboratório de experiências que buscam superar o neoliberalismo e seus efeitos nefastos. A Venezuela é uma das pontas deste processo. Uma derrota de Chávez poderia servir de combustível para a direita combalida, mas jamais morta, em nosso continente – da mesma forma que sua vitória e seu governo foram importantes impulsos para os sucessos subsequentes da esquerda na região. Portanto, como disse há alguns meses o ex-presidente Lula (ver ) em mensagem ao Foro de São Paulo (congresso que reúne os partidos de esquerda e movimentos sociais do continente), a vitória de Chávez, mais do que a vitória do povo venezuelano, é a vitória de toda a América Latina.


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Parabéns a alguém mais do que especial

Uma pausa na filosofia, na política, para homenagear alguém muito especial. Hoje, minha esposa celebra mais um ano de vida. Isso, somado ao fato de termos completado seis meses de casados no último sábado, multiplica os motivos de comemoração! 

Angel, quero, por isso, te desejar toda felicidade do mundo, muitos anos de vida, muita paz, alegria, saúde e amor. Espero poder compartilhar de muitos outros momentos felizes ao seu lado. Te amo!

PARABÉNS!!!

















quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O analfabeto político

Com as eleições se aproximando, e com a recorrência daqueles discursos orientados na linha "todos os políticos são iguais", "odeio política" etc., achei que seria de bom tom tratar do assunto. Mas, qualquer texto que escrevesse aqui, seria menos bem sucedido do que o poema O analfabeto político, do alemão Bertolt Brecht. Por isso, decidi reproduzi-lo, como uma verdadeira advertência da necessidade de participarmos ativamente da vida política de nossa cidade, de nosso estado, de nosso país.

O analfabeto político
por Bertolt Brecht

O pior analfabeto
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo da vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado
e o pior de todos os bandidos:
O político vigarista,
pilantra, corrupto e lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.


terça-feira, 11 de setembro de 2012

Espinosa, o "mensalão" e o sistema político brasileiro

A edição 104 da revista Teoria e debate conta com artigo de minha autoria, no qual discorro sobre  a "privatização da política" que se dá no âmbito do discurso conservador dominante. Esse processo privatizante é flagrante no julgamento do chamado "mensalão", no qual tenta-se criar uma falsa oposição entre "bons" e "maus" políticos, através de uma régua moralista, sem base material, enviesada pela lógica da vida privada, que sequestra a moralidade pública, pois não se aplica a esta, como explica o filósofo Baruch de Espinosa, nos termos que crê o senso comum.

Assim, não se questiona o arcabouço político-institucional que favorece práticas de corrupção, mas se reduz a discussão a uma questão de "caráter". No entanto, é preciso observar que tal procedimento não é feito sem interesses escusos por trás, mas visa conservar à força o poder daqueles setores que têm sido derrotados nas urnas, através da dissolução paulatina da esfera pública. Com efeito, "não causa estranheza que, em nenhum momento desde que se denunciou o "mensalão", menos ainda durante o "julgamento" (que mais parece um linchamento de um partido e alguns de seus dirigentes), a grande mídia, os partidos de direita e demais setores economicamente hegemônicos no país tenham se pronunciado a favor de mudanças no sistema político-eleitoral", este sim, o âmbito no qual a corrupção é favorecida. Por isso, é preciso que toda a esquerda trabalhe no sentido de "desprivatizar" radicalmente a política, trazendo-a para o domínio democrático do público.

O artigo completo pode ser lido aqui.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Por que votar em Oswaldo Barba?


Passadas quase duas semanas do início da propagando eleitoral gratuita em rádio e TV, e a pouco mais de um mês das próximas eleições, a disputa deste ano finalmente ganha contornos mais nítidos, com os eleitores podendo conhecer melhor os candidatos, seus projetos e ideias para os próximos quatro anos.

Em São Carlos, o petista Oswaldo Barba tenta a reeleição, emplacando o quarto governo consecutivo do PT na cidade, contra o tucano Paulo Altomani e os neo-oposicionistas Eduardo Cotrim (PMDB) e José Saccomano (PPL), além de Flavio Lazzarotto (PSOl) e Ronaldo Motta (PSTU). Ao que tudo indica, o núcleo da disputa deve mesmo se dar entre Barba e Altomani. Nesse cenário, as eleições de São Carlos trazem novamente à tona o embate entre dois projetos antagônicos de cidade. De um lado, o projeto petista de desenvolvimento social inclusivo, com participação popular e respeito ao meio-ambiente. De outro, o projeto do PSDB de “levar a lógica da iniciativa privada para a administração pública”, através de um imediato “choque de gestão” (as palavras são do candidato Paulo Altomani em seu programa de TV).

É um fato incontestável que São Carlos melhorou muito durante a administração do PT, seja com o agora deputado federal Newton Lima, seja, mais recentemente, com Oswaldo Barba. Houve crescimento econômico, geração de empregos, distribuição de renda. A população aumentou, mas a desigualdade social foi reduzida. São Carlos tornou-se uma das cidades com melhor qualidade de vida do estado e do país, tornando-se referência em diversas áreas, como, por exemplo, no atendimento às crianças, o que rendeu a Newton e Barba sucessivos prêmios de “Prefeito amigo da criança” da Abrinq. Depois de décadas, São Carlos ganhou um novo hospital, um novo distrito industrial, uma política para o meio ambiente, um plano diretor, e canais inéditos de participação popular e transparência, dentre outros avanços. Mais recentemente, a administração de Barba construiu do zero um novo bairro, o Jardim Zavaglia, no qual mil famílias receberam sua casa própria, num local onde a prefeitura prontamente estruturou, levando saneamento básico, posto de saúde, escola e área de lazer. Isso para não falar nas outras 4000 residências entregues pela última administração, um recorde na cidade.

Isso, claro, não significa que não haja pontos falhos, erros de planejamento ou execução, insuficiências. A população (ou parte dela) lista, com todo o direito e justiça, problemas na área da saúde, em alguns serviços e obras públicas, ou no interior da máquina administrativa. Não se trata de tapar o sol com a peneira e dizer que São Carlos seja uma cidade perfeita, que a atual administração não tenha cometido erros e deslizes, como todas, aliás, em algum grau cometem. Também por isso, é absolutamente natural que, após 12 anos no governo, haja desgastes, e tanto Barba quanto o PT sejam obrigados a lidar com insatisfações e críticas de parte da população. Além disso, a parcela mais jovem dos eleitores cresceu numa cidade quase sempre governada pelo PT e, portanto, é compreensível que muitos desejem “mudança”. No entanto, é preciso ficar atento para que esse anseio sempre legítimo por mudança não signifique arriscar tudo o que a cidade conquistou desde 2001.

Nesse sentido, a questão de fundo a ser levantada neste momento é: está na hora de alterarmos completamente o rumo político de nossa cidade? Ou seria o caso de seguirmos pela via traçada desde a última década, que tem se mostrado justa, mas aparando as arestas, superando as dificuldades, corrigindo as falhas?

Colocando na balança os erros e acertos do governo petista, fica claro que é esta segunda opção que indica o caminho correto a seguir. Afinal, o que está de fato em jogo nessas eleições não é uma simples escolha pessoal, a preferência pelo perfil do candidato A, B ou C, mas sim garantir a sequência de uma linha progressista de políticas públicas que se conforme com uma visão democrática de cidade. Um município não é uma fábrica, a lógica da coisa pública não é a mesma da iniciativa privada. Um bom prefeito não é aquele que consegue fazer a prefeitura “dar lucro”, nem mesmo aquele que ergue mais prédios ou tapa mais buracos, embora isso também seja necessário. O bom prefeito é aquele preparado para por em prática um projeto global de cidade, projeto que seja capaz de conciliar, de maneira positiva e socialmente justa, as demandas perenes da população (saúde, educação, emprego, segurança, cultura, lazer etc.) com políticas aptas a promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo. É aquele capaz de ampliar o espaço público, a participação e a consciência dos cidadãos, com respeito às individualidades e à democracia. É aquele cuja administração possa colocar a prefeitura a serviço da população, “a cidade em primeiro lugar”. Em São Carlos, apenas o voto em Oswaldo Barba, o voto 13, é a garantia de que continuaremos, nos próximos quatro anos, nos aproximando desse ideal.