sexta-feira, 28 de junho de 2013

Em defesa das lutas democráticas, das ruas e da nossa história

Em defesa das lutas democráticas, das ruas e da nossa história 

Documento para debate interno no PT, elaborado por militantes petistas de diversas correntes internas para diálogo com a direção e militância do partido.

1. O Partido dos Trabalhadores foi forjado nas lutas democráticas, por justiça social no Brasil. O PT construiu sua trajetória, ao longo dos anos, calcado na luta das ruas e, nos últimos 10 anos, com Lula e Dilma à frente da Presidência da República. Apresentamos políticas governamentais que elevaram a qualidade devida do povo brasileiro, ajudando a elevar sua condição econômica, social, cultural e tirando milhões de famílias da miséria. Isso nos enche de orgulho como militantes petistas!

2. Porém, nosso partido ficou aquém da capacidade de compreender a necessidade de disputar à esquerda os valores, ideais e as pautas históricas forjadas nas lutas que derrubaram a ditadura. Essa incapacidade, aos poucos, abriu um vácuo enorme entre nós e os movimentos sociais, organizados historicamente pelo campo progressista.

3. Já há algum tempo, temos colocado que o PT tinha uma capacidade limitada de dialogar e organizar os anseios da Juventude:

“Contudo, uma constatação deve ser feita: a organização e o diálogo com a juventude nunca foi uma prioridade política para o Partido dos Trabalhadores. Essa identificação da juventude com o partido sempre esteve presente pelo caráter transformador da sociedade que o PT representa e pelo seu ineditismo com expressão política de esquerda no Brasil. Também pela sua forte inserção nos mais diferentes movimentos sociais, ou seja, os jovens se identificam com nosso Partido em razão do seu programa geral e não porque o Partido tenha uma política voltada para a disputa deste setor.Se levarmos o problema de organização da juventude para nossa intervenção nos movimentos juvenis, a situação é aquém da capacidade de mobilização real do PT. Hoje, não conseguimos ocupar em nenhuma das frentes de luta dos movimentos juvenis uma posição de centralidade.Atuamos de maneira fragmentada e, em geral, levando as disputas internas para o seio dos movimentos”
Resolução Concepção e Funcionamento, I Congresso da JPT, maio de 2008.

4. Considerando a nossa presença há mais de 10 anos no Governo Federal, há uma grande geração que não conhece o PT fora da institucionalidade. Associa a ele não mais a transformação, mas sim o status quo. Isso é agravado pela forte ofensiva da mídia na tentativa de igualar o PT a demais partidos, em um senso comum despolitizador e potencialmente anti-democrático: “são todos iguais e corruptos”.

5. As manifestações organizadas a partir da pauta do “passe livre” merecem um olhar cuidadoso por parte das pessoas realmente preocupadas com o desenvolvimento do país.Para entendermos a sua complexidade, é preciso nos debruçarmos sobre a dinâmica das redes sociais, bem como de novos movimentos sociais, que não se alinham ao nosso tradicional campo democrático e popular. Além disso, há que se considerar atentamente o papel que a grande mídia cumpriu ao optar pela disputa do conteúdo políticos das mobilizações.

6. Longe de vermos o protesto de forma uniforme, houve um forte e rápido giro político e apropriação da pauta por setores organizados da direita. Isso se deu no interior das redes sociais, que possuem um alto poder convocatório.

7. Nela, como todos podem gerar e reproduzir informações, temos uma (falsa)sensação de igualdade e de estarmos falando entre pessoas com as quais confiamos. Afinal, a informação é repassada por vínculos de “amizade”. Contudo,assim como na mídia, há forte possibilidade de manipulação.

8. O que vimos hoje no Brasil é uma explosão de insatisfações com diversos problemas históricos existentes em nosso país. Ela aponta para transformações estruturais no capitalismo brasileiro em todas as esferas de governo, reivindicando mais eficácia no gasto público com transporte público, saúde e educação.

9. Certamente o PT e a esquerda precisam se debruçar sobre a pauta da reforma urbana e apresentar uma proposta que dispute corações e mentes da sociedade.A mobilidade urbana sempre foi pauta prioritária para discussão da esquerda e dos governos municipais do PT, pois está diretamente ligada à qualidade de vidados trabalhadores brasileiros. É preciso ousar e enfrentar os verdadeiros cartéis que dominam as concessões de transporte em todo o país.

10.Alçamos uma importante vitória ao conseguirmos sediar a Copa das Confederações e do Mundo. No entanto, apesar das relevantes alterações nas estruturas de algumas cidades, em outras não ficou nítido para a população qual será o legado positivo que o Brasil deixará ao seu povo ao final das competições.É inegável o mal estar sobre os gastos e nós precisamos dar respostas dignas à população.

11.Mesmo com toda a ampliação da participação popular nas instâncias de representação política, afirmadas nas dezenas de conferências e conselhos de políticas públicas criados, não conseguimos, nos nossos dez anos à frente do governo federal, garantir espaços de vocalização das demandas que se colocam hoje, nas ruas. As manifestações na rua mostram que, embora tenha havido ganhos expressivos, falhamos no essencial: aproximar o cidadão dos processos de tomada de decisão sobre o dinheiro público. O PT precisa ter papel ativo no interior do governo, na proposição de novos canais de participação democrática, em todos os setores governamentais, antenados com essa juventude que se expressa e se organiza pelas redes sociais, à esquerda e à direita.

12.Não conseguimos atrair para a militância petista essa parcela da juventude e da sociedade que, genuinamente, coloca suas insatisfações e sua crítica contundente ao sistema político e aos partidos. Sabemos que o PT é um dos partidos em que há maior democracia interna. As eleições diretas para nossas direções são prova disso. Mas, após tantas alianças com nossos adversários históricos, caímos na geleia geral da política institucional. E disso se aproveita a elite conservadora, a mídia irresponsável e setores puramente golpistas que, até então subterrâneos,começam a colocar a cabeça para fora. Essa aberração política fez os grupos assumidamente fascistas liderarem a massa contra as bandeiras e camisas de militantes do PT e outros partidos de esquerda, nas manifestações dos últimos dias, em várias capitais brasileiras.

13.Entendemos que, nas próximas semanas, será jogado o futuro do PT como polo agregador daqueles que permanecem em luta contra as injustiças e contra a desigualdade que - mesmo com todos os avanços - ainda permanece em nosso país.

14.Somos chamados nesse momento a resgatar nossa tarefa histórica: a de organizar nossa militância, de protagonizar a organização de um campo político e de construir com as entidades dos movimentos sociais uma agenda de reformas e mudanças populares para o país, passando pelo governo e pelas ruas, onde a verdadeira massa está à espera de respostas concretas.

15.Mais ainda: devemos atuar também no campo simbólico, ideológico, cultural e político. A falta de identificação da juventude com o PT passa por uma questão de cultura política, de formas e métodos do agir e governar. Nossa burocratização,interna e governamental, afasta a geração dos cidadãos conectados e colaborativos. Além de emprego, educação e saúde, o PT deve voltar a despertar utopia.

16.O partido deve fazer um apelo a todos/as entidades, movimentos, sindicatos,artistas, partidos, intelectuais, juristas, religiosos, enfim todos os cidadãos que,independentemente de suas opiniões políticas e ideológicas e, que estão preocupados com o que está acontecendo, se unam em torno da defesa da democracia, da liberdade de expressão e da livre organização das entidades do movimento social.

17.Cabe à atual direção do partido organizar e fazer chegar a todos os seus diretórios, bancadas parlamentares e aos governos municipais, estaduais e federal a seguinte pauta:

● Rearticular o campo democrático e popular pela defesa das conquistas dos governos Lula e Dilma.
● Aprofundar a campanha pela reforma política, com o financiamento público de campanha, retomando o compromisso radical do PT com a participação popular através da atualização de nosso programa participativo com as possibilidades abertas pelas novas tecnologias e difusão das redes eletrônicas.
● Trabalhar pela democratização dos meios de comunicação, ampliando canais de informação e debate alternativos à mídia conservadora.Enquanto não garantirmos verdadeiramente a pluralidade de fontes de informação, o caráter público das concessões de rádio e TV, e o direito à comunicação do conjunto da população, não superaremos boa parte das fragilidades que nossa democracia mantém.
● Orientar a bancada federal à aprovação urgente de agendas como os 100% do pré-sal para educação.
● Incorporar o direito à mobilidade no Estatuto de Juventude, indicando para implementação do passe livre para juventude no transporte público.
● Dotar o país de uma malha de ciclovias e meios de transportes limpos, que permita a mobilidade com respeito ao meio ambiente.
● Cobrar do governo uma demonstração de guinada à esquerda em ações concretas e cobrar ampliação dos canais de diálogos do governo com os movimentos e a condenação pública imediata, da bárbara violência policial contra os manifestantes.
● Promover a desoneração tributária da classe trabalhadora e tributação das grandes fortunas.
● Enfatizar a laicidade do Estado e a defesa dos direitos humanos, bem como a promoção de igualdade entre homens e mulheres, negros e brancos e a garantia dos direitos da população LGBT. Podemos observar que esses são temas caros à juventude, que compõe parcela expressiva desses movimentos e se frustra quando vê suas reivindicações por cidadania e dignidade serem subordinadas aos caprichos dos setores conservadores que, desde a base do nosso governo, não encontram limites para buscar avançar sua agenda, à revelia do sentimento da nossa sociedade, inclusive.

18. Assim, conclamamos a direção do PT a organizar sua militância a lutar pelo legado histórico que construímos nos últimos 33 anos. Não deixemos, por pura inoperância,setores historicamente conservadores retomarem o poder.

Em defesa das ruas, do povo e da nossa história.

FACEBOOK, 20 a 24 de Junho de 2013.

Assinam:
1. Ademário Sousa Costa Vice-presidente da UNE 2001-2003. Diretório Estadual do PT da Bahia.
2. Adriano Oliveira – vice-presidente da UNE 99/01 e SNJ 2000/01
3. Afonso Tiago - JPT do PT Fortaleza de 2003 a 2004, e Sec. Juventude da Pref. de Fortaleza de2005 a 2012.
4. Alessandra Dadona, secretária de juventude do PT de SP 2008 -2010
5. Alessandra Terribili - jornalista, cantora e poetisa - diretora da UNE (2003-2005), DE do PT-SP(2005-2007)
6. Alessandro Mendes – Executiva Estadual da JPT/RJ
7. Alex Piero, ex-conselheiro do Conselho Nacional de Juventude pela Pastoral da Juventude, atualmente na Secretaria Municipal de Cultura, São Paulo.
8. Alexandre Luís Giehl - Coordenação Regional II da FEAB (SC/PR), gestão 1999/2000
9. Alexandre Masotti - DCE UCS (1996/1997), blogueiro e designer gráfico
10. Alexandre Miranda, ex vice-presidente da União dos Estudantes de Pernambuco UEP- Candido Pinto, 2004/2005 e atual vice-presidente do PT/Olinda
11. Alexnaldo Queiroz de Jesus, JPT/BA, DCE UFBA (1999/2004), advogado e servidor público
12. Alisson Tadeu Gama Brito - membro diretório estadual do PT-SE, ex-diretor da UNE (2003/2005)
13. Allan Rodrigo Alcantara (DCE 2001-2002, Psicólogo, Conselheiro Regional de Psicologia 2007-2009, Presidente da Federação das Associações de Moradores doEstado de Santa Catarina, Secretário Estadual de Formação Política do PT-SC)
14. Álvaro Alencar – Ex-Vereador e Presidente do PT de Magé/RJ
15. Ana Maria Ribeiro, técnica-adminstrativa UFRJ, Diretora UNE 1987/88, CAED/PT, PT-RJ
16. Ana Maria Batista EXNEPe 2003/2004 - Secretaria de Mulheres BA
17. Ana Torquato DCE UNEB 2001/2003 - Executiva PT-BA
18. Anderson Batata - Foi Diretor da UEE-RJ e Secretário da JPT-RJ de 2001 a 2005
19. Anderson Cunha Santos, Professor de História, DCE-UFMG(1995-1996), Secretaria Geral da FEMEH-1998, Coordenador do Setorial LGBT do PT-MG (2011-2012)
20. Anderson Santos - Diretor da UEP - Gestão 2009/2011
21. André Brayner, advogado, foi coordenador do Festival das Juventudes da Prefeitura de Fortalezaem 2010 e 2011
22. André Rota Sena, Executiva da UNE - 2003-2005,
23. Antônio Carlos Freitas, deputado estadual, 2• Vice presidente do PT-CE, foi do coletivo estadualda JPT de 2005 a 2007.
24. Antônio Jorge Bravo – PT Serra Preta/BA
25. Ariane Leitão, coletivo nacional de juventude do PT 2005/2008 e Vereadora suplente do PT/POA
26. Beatriz Selles - médica, DENEM (2005/2006), DCE UFF (2007/2008)
27. Bob Calazans - Foi Vice Presidente da AMES de 99 a 2000 e do Coletivo da JPT-RJ, e é membro da Executiva Municipal do PT Rio
28. Breno Cortella, vereador e presidente da Câmara Municipal de Araras/SP, secretário municipal daJPT 2001/2004.
29. Bruno Elias - militante do PT, 1º Vicepresidente da UNE 2007/2009, Coordenador de RelaçõesInternacionais da JPT 2009/2011.
30. Bruno Vanhoni Executiva da UNE 2005/2007; Coletivo Nacional de Juventude do PT
31. Camila Vieira ( k k ) ENECOS ( 1999 a 2003), DCE UCB (2000 a 2004), Diretório Estadual do PTda Bahia
32. Carla de Paiva Bezerra, é advogada e gestora, trabalha na SNJ/SG. Foi da DNJPT 2008-2011, Secretária da JPT-DF 2008-2009 e do DCE UnB 2003-2004.
33. Carlos Eduardo Amaral (Cadu) - ex-coordenador-geral do DCE/UFAL (2006-2007) e ex-diretor da UNE (2007 - 2009)
34. Carlos Eduardo de Souza- secretário juventude do PT-SC 2002- atual secretário Geral PT Floripa
35. Carlos Henrique Viveiros Santos coordenador da JPT Gov. Valadares 2008 - 2010 e atual Diretorde Políticas Públicas de Juventude da Prefeitura Municipal de Gov. Valadares, Assessor Diocesano da Pastoral da Juventude.
36. Carlos Odas, secretário nacional de juventude do PT (1999/2001), Coordenador do ProjetoJuventude (2004), atual Coordenador de Juventude do GDF
37. Cássio Nogueira - Diretor da UNE (2008/2009), JPT/PA (2009/2011), coordenador de Organização da Secretaria Nacional de Juventude do PT
38. César Augusto Da Ros, CN - FEAB 97/98, professor do Departamento de Ciências Sociais,professor do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Territorial e Políticas Públicas ePró-Reitor de Assuntos Estudantis da UFRRJ
39. Charles Carmo foi diretor do DCE/UFBA e do CARB/UFBA
40. Clarissa Rihl Jokowski, advogada, Presidenta do Diretório Acadêmico do Direito UCS Gestão 2005
41. Cleberson Zavaski - CN-FEAB 98-99, Presidente da Associação de Eng. Agronomos do DF ePTDF
42. Cledisson Junior diretor da UNE (2009-2011) conselheiro nacional de promoção da igualdade racial
43. Daniel Chacon - Direção PT-Natal , Executiva Estadual JPT/RN, Coordenador de Mov.Sociais DCE-UFRN(2008-2009)
44. Daniel Feldmann - diretor da UNE (1999-2001)
45. Daniel Valença – Professor Universitário e Integrante da Comissão de Ética do PT/RN
46. Daniela Matos - Diretora de Relações Internacionais da UNE 99/2001
47. Danilo Chaves - FEAB 1999-2001, vice-presidente UEE MG 2003-2004, PT-BH;
48. David Barros, ex- presidente do Conjuve(2010-2011)
49. Débora Cruz, jornalista, ex-JPT e do setorial de TI/PTDF
50. Débora Mendonça, PT/CE, Coletivo de Mulheres Estadual PT/CE, Militante da Marcha Mundialdas Mulheres
51. Dimitrius Chaves - Diretor da UEE-MG 2007/2011 e atual Secretário Adjunto da Juventude do PT-MG
52. Domingos Sávio Oliveira membro do diretorio do PT Extremoz/RN
53. Dora Martins dos Santos, conselheira municipal de Saúde em Botuvatu/SP
54. Dulce Carolina Marinho, Assistente Social. DCE UCSAL 2003.
55. Edson Pistori
56. Eduardo Valdoski, jornalista, ex-coordenador de comunicação (2008-10) e secretárionacional-adjunto da JPT (2007-08) e secretário municipal da JPT/SP (2003-05)
57. Elba Ravane - 2003 Presidenta do Grêmio Estudantil da EAL Sertânia-PE, 2003/2005 Grupo Ação Jovem e JPT Sertânia-PE. Atual Secretária da Mulher da Prefeitura de Caruaru-PE.
58. Eliana Cacique - Coletivo Estadual da JPT-RJ de 2001 a 2005 e é membro da Executiva Estadualdo PT-RJ.
59. Elida Miranda, jornalista, Regional ENECOS (2005), CUT- AL e Diretório Estadual do PT/AL
60. Ellen Machado Rodrigues - Medica Sanitarista, DENEM 2003/2005 , AMERESP 2010/2011
61. Erika FernandaViana - médica, DCE UFPB 2004/2005
62. Fabiana Malheiros - DCE UFES, PT-ES.
63. Fabiana Santos - Foi Presidenta do Grêmio Herber de Souza, do CA de Geografia da UGF, do Coletivo da JPT-RJ de 2001 a 2003 e é membro do Diretório Estadual do PT
64. Fábio Sanchez, sociólogo, ex-secretário nacional adjunto de Economia Solidária (2005-2011).
65. Fabrício Gomes de França Ambientalista. Tesoureiro Upes (95-97), secretario da JPT SantoAndré (98-2000). Atualmente Secretário Adjunto da Secretaria de Gestão dos Recursos Naturais de Paranapiacaba e Pq Andreense da Prefeitura de Santo André
66. Felipe Oliveira Lopes Cavalcanti, Médico Sanitarista, DCE UFPB 2004/2005
67. Félix Aureliano - foi do DCE Unicap; da FEMEH e do Coletivo Nacional da JPT
68. Fernanda Teixeira - DCE UEMS, Vice-presidenta da UEE/MS, JPT, MMM, C.E. Mulheres do PT –MS
69. Fernando Stern - Psicólogo - DCE UFRJ 1999-2003; Secretário Geral UEE/RJ 2002-2004; Diretor da UNE 2003-2005; militante PT Niterói/RJ
70. Flávia Azevedo, jornalista, ENECOS, DCE UCB e JPT de 2003 a 2005
71. Florentino Júnior, DCE/UnB (2010) e membro do Setorial de Saúde do PT/DF.
72. Francielly Damas, farmacêutica, membro da Associação AFLORE - Associação Florescendo a Vida de Usuários, Familiares e amigos da Saúde Mental de Campinas
73. Gabriel Ribeiro - Foi Secretário Estadual da JPT/RJ e membro do Coletivo Nacional da JPT de2005 a 2008.
74. Gabriela Gilles Ferreira - ABEPSS, JPT, PT-ES.
75. Giliate Coelho Neto, médico de família e comunidade, coordenador geral da DENEM (2003),
76. Graziele Rodrigues Duda - ENESSO, DCE UFES, UNE, JPT, PT-ES.
77. Guido Rezende - radialista e blogueiro ex-diretor da UNE e UCE
78. Guilherme Floriani - ME Esalq 98 a 2000
79. Guilherme Guimarães de Azevedo - DCE- UFV (2007 e 2008); Dir. de Movimentos Socias daUEE-MG (2009/2011); 3º Vice-Presidente da UNE (2011/2013)
80. Gustavo Rodrigues - Coordenador Geral da UNES (95/97); Femecs (99/2000); Executiva PT- Niterói 2003/2007; Secretario de Saúde de Belford Roxo 2011/2012
81. Humberto de Jesus - executiva da Ubes 1997/1999, RI da Une 2001/2003, ex-secretario nacional de juventude do PT 2003/2004, atual secretario de desenvolvimento social, cidadania e DH de Olinda.
82. Ian Angeli – advogado, Sec. Geral UEE/RJ 2007/2009
83. Ingrid Gerolimich - Foi Coordenadora Geral da AMES-RJ em 2001 e Coordenadora Estadual de Juventude do Governo do Estado do RJ em 2002
84. Isadora Salomão - Arquiteta e Urbanista, Ex-DCE UFBA e Coletivo de Mulheres doPT-BA
85. Jacir João Chies, Coordenação Nacional da FEAB 2001/2002.
86. Jackson Raymundo - Secretário de Cultura do PT/RS
87. Jean Tible, assessor da Fundação FriederichEbert
88. João Brandão, UEE RJ (2003 a 2005),DCE da UFRuralRJ (2002 a 2007) Professor de educaçãofísica do Rio de Janeiro
89. João Maurício, Executiva Estadual do PT do RJ, UBES 2003
90. João Paulo Rillo, Deputado Estadual PT-SP, Presidente da UMES de São José do Rio Preto em 1994 e 1995;
91. João Scaramella - CN FEAB 2002-2003
92. João Tanuri - Assistente Social; Ex-Diretor DASS - PUC-MG (2004/2006), Movimento da Juventude Popular/Itajubá (2007/2008)
93. João Vicente (Caixa d’Água) – Coordenador das Juventudes Metalúrgicas do ABC e daCNM/CUT 1997/1999, hoje membro do Setorial Jurídico do PT/SP e Secretário dos AssuntosJurídicos e da Cidadania de Franco da Rocha/SP;
94. João Wilson Damasceno, gestor cultural, foi secretario geral do DCE UFC em 2007/2008
95. Jonas Valente - ENECOS, secretário-geral do Sind. dos Jornalistas do DF e militante do PTDF
96. Jorge Alberto – Coordenação Nacional da Juventude do Movimento PT
97. José (Zé)Ricardo Fonseca - Diretor da UNE 2001-2003- PT-DF
98. José Haroldo Thunder- Executiva Nacional de Ciências Sociais (1995-1997), DCE Puc Campinas(1996-1998), PT Votorantim
99. Josué Medeiros - foi 1º vice-presidente da UNE (2005-2007), hoje professor de interpretações doBrasil da UFRJ
100. Julian Rodrigues , PT-SP (UNE e JPT 1997-2003)
101. Juliana Terribli, psicóloga, foi dirigente da JPT-SP 2008-2011
102. Julio Ladeia, vice-presidente UPES 1995/97, ex-membro do Diretório Estadual do PT, militante do PT de São José do Rio Preto, coordenado do CEU Butantã, SP.
103. Karina de Paula (Kakau) - Membro da Executiva Nacional da JPT e Secretária Municipal da JPTde Rio Claro - SP
104. Larissa Campos - secretaria adjunta da jpt-mg e DNJPT 2008/2011 1a dirt.de movimentos sociaisda UNE 2007/2009
105. Leandro Ferreira, Executiva da JPT-SP.
106. Léo Bulhões - Executiva Nacional de Bio 1998-1999, Presidente DCE UFPE 2000-2001, Diretor UNE 2001-2003, atualmente Assessor Especial de Projetos Secretaria de Participação Social Caruaru/PE
107. Leonardo Koury - Diretor da UBES 2002-2003 e Coordenação Nacional da ENESSO 2009 / DEJPT 2008-2011
108. Leopoldo Vieira - adjunto da JPT nacional 2005-2007
109. Lívia Manzolillo, jornalista, foi Presidente do DCE UNIFOR de 2003 a 2004.
110. Louise Caroline, Vice-presidenta da UNE 2005/2007; Vice-presidente do PT/PE
111. Lourival de Moraes Fidelis, estudante de doutorado, UNICAMP, Bolsista de Estágio doutoral pela CAPES, Universidade de Córdoba, Espanha
112. Lucas Cassab Lopes - Dce UFJF 2005-2006, Cahistufjf 2004-200, coletivo estadual de juventude2006-2008, tesoureiro do pt-jf 2007-2009,
113. Luciana Mandelli - historiadora - UEE-SP (1999/2003), Col. Nac. JPT (2002/2005) e DR- PT-BA
114. Ludmila Queiroz - Executiva Estadual da JPT/RJ
115. Manuela Nicodemus – UEE-MS (2001/2003)
116. Marccella Berte, economista, Coord. de Movimentos Sociais da JPT 2008-2011, integra o coletivo nacional de meio ambiente e desenvolvimento do PT e é suplente no DN.
117. Marcio Ladeia, publicitário, assessor da CUT, UNE 2005/2007, vereador de São José do RioPreto 2001/2004, UMES 1996/1999 e UPES 1997/1998 militante do PT.
118. Marco Rocha – Setorial LGBT do PT/RJ
119. Marcos Asas - poeta e médico, Conselheiro Nacional de Saúde, presidente do DCE UPE "PauloFreire" 2004/2005, presidente AMERESP 2011/2012, diretor de Saúde da ANPG
120. Maria Carolina – Educadora e militante do movimento de Mulheres/RJ.
121. Mateus Vieira - designer gráfico, membro da DNJPT 2008-11
122. Miguel Papi – DCE UFRJ (1998/2001)
123. Orlando Catharino, membro do coletivo estadual da jptsp em 1991 e 1992
124. Otávio Antunes - jornalista, Vice-presidente da UBES 1997/1999 PT Campinas
125. Patrick Paraense - ex-militante da JPT/PA e Publicitário
126. Paulo Navarro - médico Sanitarista, DCE UFPB 2004/2005, presidente da AMERESP 2010/2011
127. Pedro Gerolimichex Vice Presidente da UBES 2003/2004 - Diretório Municipal PT/RJ
128. Pedro Moreira Coordenação regional da feab (2002 e 2003), secretario estadual de juventude doPT/MG 2004 e 2005 e vice presidente de UEE/MG 2004-2005
129. Pedro Tourinho - Vereador PT Campinas, Médico Sanitarista, professor PUC Campinas,DENEM 2005/2006
130. Pedro Vasconcelos - Ex Secretário da JPT RS 2005 2007. Membro do Coletivo Nacional deCultura do PT.
131. Penildon Silva Filho, professor da UFBA. DCE UFBA 1992-1993 e Diretor da UNE 1993-1995
132. Rafael Barbosa de Moraes (pops), vice-presidente da UNE 2003/2005, secretário nacional dejuventude 2005/2008
133. Rafael Fadeso – Secretário Adjunto da JPT Caxias/RJ
134. Renam Brandão - Secretário da JPT-BA 01/03, Executiva dos Estudantes de CEFETS 97
135. Renata Batista – Presidenta do DM de Magé/RJ
136. Rídina Motta Diretora LGBT UNE 2009 /2011
137. Rodrigo Abel, Secretário nacional de juventude do PT 2000/2003
138. Rodrigo Bico – Secretário de Juventude do PT Natal/RN
139. Rodrigo Campos, ex-Tesoureiro do PT-RS, de 2005 a 2007.
140. Rodrigo Rubinato "Cabelo" - Coordenador da Ames - RJ em 2003, Secretário-geral da FEMEH em 2004
141. Rodrigo Salgado, Professor e Advogado. Ex-coordenador da FENED, Coordenador do DAJMJr
142. Rogério Tomaz Jr, jornalista, militante de direitos humanos, ex-Enecos (2000/2002)
143. Romeu Morgante, ex-presidente da Umes Santo Andre (1998/99) e diretor da UBES (1999/2001)
144. Ronaldo Pinto - diretor da UNE (2007/2009), militante do Mais-PT e da Mensagem ao Partido
145. Samuel de Mesquita - Ex-presidente da UENI, Ex-presiidenteda ARES, Ex- vice-presidente baixada da UEE/RJ, Ex-presidente do DA de Direito da UNIABEU
146. Sávio José, vereador PT - Viçosa-MG.
147. Serena Reis - CN FEAB 2002-2003, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio/MMA
148. Sérgia Garcia, diretora da UPES gestão 1998, medica formada em Cuba, militante da Associação Médica Nacional – (AMN-MF)
149. Sergio Cardoso – Presidente da União Meritiense dos Estudantes/RJ
150. Sergio Godoy, professor de Relações Internacionais da Fundação Santo André, ex membro do coletivo nacional da JPT, ex Secretário Geral da UPES
151. Sylvio Freitas - executiva da UBES 2005-2007
152. Tahita Magalhães, Assistente Social. Foi Representação Estudantil ABEPSS (2005,2006) e DCE UCSAL 2003.
153. Tales de Castro - vice-presidente da UNE (2007/2009), secretário estadual da JPT-GO
154. Tássia Rabelo - Ex-Presidenta do CA da FGV, Ex-diretora do DCE da UERJ, Ex. Membro da Executiva Nacional da JPT
155. Tassio Brito coordenador geral DCE UESC(2007-2009), 2 diretor de RI da UNE(2008-2009,direção nacional da jpt(2008-2011) 3 Vice Presidente da UNE(2009-2011)
156. Tatiana Oliveira diretora de mulheres da une 2005-2007
157. Tatiana Zocrato - DCE PUC-MG 2002-2004 ,Vice-Presidenta UEE-MG2004-2009 , SEJPT-MG 2008-2011
158. Thomás Ferreira CN ABEEF 2003/2004 Coord. Geral DCE/UFV 2005
159. Tiago Montenegro - jornalista, Enecos (2004), militante do PT, LGBT, movimento pela democratização das comunicações.
160. Ticiana Studart, SNJ PT 2003 a 2005, da secretaria nacional de mulheres do PT de 2005a 2007, e membro da executiva do PT CE
161. Valter Bittencourt - Jornalista. Assessor de Juventude da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), militante do PT de Santo André
162. Vanuccio Pimentel, ex-presidente DCE Fafica (2001-2003), Cientista Político e Presidente do PT de Caruaru (PE)
163. Verônica Lima, vereadora de Niterói, executiva da UBES 1997/99
164. Veronica Maia, advogada, militante da RENAP, foi da SNJ PT de 2005 a 2007.
165. Vinicius Cascone - FENED, advogado, militante do PT, Campinas/SP
166. Vinícius de Lima - ex-coord nacional de comunicação da JPT e Presidente do DCE Estácio de Sá ES (2007), Diretório Estadual do PT ES (2008) e Movimento Não é só uma Passagem (2005 - ES)
167. Vinícius Ghizini, historiador, Secretário Adjunto JPT/Macro Campinas e SecretárioMunicipal JPT/Americana.
168. Vinícius Santos - diretor do DCE da UFSCar/SP (2003-2006), e membro da JPT macro Ribeirão Preto/SP (2005-2006)
169. Vinicyus Sousa - Ex - Diretor da executiva estadual da JPT - BA
170. Wagner Romão, sociólogo, ex-presidente do Diretório Zonal de Pinheiros (São Paulo) -2005 a 2007.
171. Wanderson Pimenta, ex- coordenador geral do DCE - UFBA (2012).
172. Wenderson Gasparotto, ex diretor da UEE-SP (1997/2001)
173. Wesley Francisco, DCE UFV, CA História/UFBA, FEMEH, UNE(2003) Coletivo NacionalLGBT
174. Wilney Alves Martins, ex secretário estadual da JPT-GO (2007/2011), ex diretor da UEE-GO (2007/2009). Membro do Diretório Municipal do PT de Anápolis-GO
175. Wladia Fernandes, coordenadora LBGTT do PT CE foi da JPT de 2005/09

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Reforma política é a resposta

O levante de manifestações ocorrido nas últimas semanas no Brasil, dentre outras coisas, demonstrou um inegável esgotamento de nosso atual modelo político. A insatisfação, especialmente entre os mais jovens, com a estreiteza de nossa democracia – praticamente resumida ao voto bianual –, a ausência quase completa de mecanismos de participação ativa da população nas decisões governamentais, a falta de representatividade dos partidos políticos, são denominadores comuns que se podem extrair da geleia que virou a pauta do “movimento” que ocupa as ruas brasileiras. Essa insatisfação  mais ou menos generalizada ajuda, inclusive, a explicar como uma pauta da extrema-direita como o anti-partidarismo (não confundir com apartidarismo ou suprapartidarismo) – condensado na palavra de ordem tipicamente fascista “o povo unido não precisa de partido” e na prática autoritária de rasgar bandeiras de partidos, entidades presentes nas manifestações – pode sequestrar grande parte de um movimento inicialmente de esquerda, a ponto de o próprio MPL paulista, que deu início a esse conjunto de protestos, ter declarado que não pretendia convocar novos atos, a fim de não dar espaço para o avanço de uma pauta conservadora e reacionária. Embora tenha voltado atrás nessa decisão, o movimento, precavido, agora chama novas manifestações na periferia de São Paulo e em conjunto com entidades de classe e de esquerda.

Mas, para além da acusação de que há uma inegável tendência conservadora de setores médios da população, que frequentemente flertam com o autoritarismo da direita quando veem seus privilégios ameaçados – tendência que justificaria por si só esses arroubos fascistas –, o fato é que nossa democracia entrou numa encruzilhada, a qual é preciso oferecer alguma resposta. Afinal, depois do abalo provocado por essas semanas de mobilização, parece pouco provável que tudo continue como está, isto é, que nosso modelo político não sofra alterações mais ou menos profundas. A questão é saber o teor dessas mudanças.

Com efeito, diante desse quadro, vejo duas alternativas basilares despontarem no horizonte: a primeira, trágica, seria a de um colapso de nosso regime democrático, da República e do Estado de Direito. Desestabiliza-se o país (propositalmente ampliando, ainda mais, a onda de violência e vandalismo que tomou conta de vários protestos, com respectiva resposta violenta da polícia, por exemplo), para se criar condições de um – hoje política e juridicamente insustentável – impeachment de Dilma Rousseff. O próximo passo, já defendido abertamente por alguns manifestantes, seria conclamar uma “intervenção militar” para recuperar a “ordem”. Em bom português, um golpe.

Contudo, há outra perspectiva, extremamente positiva, que pode brotar de todo esse movimento: justamente aquela que possibilitaria uma arregimentação de forças para a realização de uma ampla reforma política que, na linha do que a presidenta Dilma anunciou em seu discurso televisivo da última sexta-feira, pudesse ampliar a participação popular, a transparência do Estado e a democracia. Reforma que, primeiramente, eliminasse a influência do poder econômico nas decisões políticas, através do financiamento público exclusivo de campanhas, com total transparência dos gastos, uma vez que o financiamento privado, tal como ocorre hoje, é o principal motivador da corrupção e do desvirtuamento das pautas políticas em nome de interesses privados. Uma reforma que fortalecesse os partidos, elementos indispensáveis em qualquer democracia, através do voto em lista, o que lhes permitiria a (re)construção de uma identidade programática e ideológica maior, além de abrir um diálogo mais franco com os setores por eles representados. Por fim, uma reforma que criasse amplos espaços de participação popular, que desse voz ao conjunto da população para além do momento do voto, que permitisse à sociedade civil organizada se representar ativamente nos processos decisórios mais importantes, inaugurando uma nova relação entre o Estado brasileiro e sua população.

Nesse sentido, o caminho mais viável para que essa reforma pudesse sair do papel, a meu ver – e digo isso há bastante tempo – é a convocação de uma Constituinte exclusiva sobre o tema, com representantes, eleitos pela população, que não exercessem cargo público eletivo atualmente, tampouco tivessem intenção de se candidatar no próximo ano. Assim, sem contar com a participação dos interessados “diretos”, cujos interesses poderiam influenciar o resultado final dessa reforma, a Constituinte teria total liberdade de formular as novas diretrizes de nossa democracia política.

Parece-me razoavelmente claro supor que é essa a alternativa que está em jogo. Mais do que isso: que esta é o principal fruto que pode sair dessas mobilizações (para além da solução a questões pontuais, como o plano de mobilidade urbana anunciado pela presidenta Dilma). Pois, mais uma vez, insisto que me soa pouquíssimo provável que o sistema político brasileiro fique igual depois do abalo que o atingiu nos últimos dias. Até porque as movimentações, de um lado e de outro, já começaram. A questão é de ver para que lado nossa balança política se inclinará. As alternativas postas, toda a esquerda, junto com a grande parcela da população que é consciente do perigo de uma alternativa de viés autoritário e anti-democrático, têm uma tarefa histórica diante de si. Por isso, é preciso lutar, junto com os movimentos que pululam em todo canto do país, em nome da saída positiva, ou seja, pela radicalização de nossa democracia. A reforma política, digo mais uma vez, é a resposta.

PS: desnecessário dizer que dou total apoio à proposta da presidenta Dilma, anunciada poucas horas após a redação deste texto, de convocar um plebiscito para aprovar a convocação de uma Constituinte exclusiva para a Reforma política. Já deu para perceber que a direita e a mídia estão contra. Portanto, a todos que querem "mudar o Brasil" positivamente, o recado é claro: é hora de começar a mobilização pela aprovação desse plebiscito!

terça-feira, 18 de junho de 2013

Sobre as manifestações no Brasil e o papel da esquerda

Algumas considerações preliminares, ainda à distância, sobre os acontecimentos dos últimos dias no Brasil:

Antes de qualquer coisa, sendo a pauta que deu início à série de manifestações evidentemente progressista, não há como ser contra o movimento. Além disso, como tem sido sublinhado, os “R$ 0,20”, estopim imediato do levante em São Paulo, para além da esfera propriamente econômica, colocam em pauta uma questão das mais importantes atualmente, e com a qual os governos – municipais, estaduais ou federal – muitas vezes têm dificuldade de lidar: nosso modelo de transporte público e mobilidade urbana, e todas as suas consequências no cotidiano da população – especialmente o direito à cidade e à liberdade.

Claro que o fato de ter um caráter progressista não impede que setores conservadores, diante da proporção tomada pelas manifestações, tentem usurpar sua pauta. Até mesmo pelo caráter “horizontal”, “sem direção”, “apartidário” do movimento, que facilita a perda do foco inicial (a mudança de posição da mídia, de uma semana para cá, demonstra essa tentativa de manobrar, para seus próprios interesses, as revoltas que tomam conta das ruas brasileiras, apoiada nessa horizontalidade difusa em que, muitas vezes, cabe qualquer coisa). Estes elementos têm levado alguns militantes da esquerda, seja por conservadorismo tácito, seja até mesmo por covardia, a tentar desqualificar o movimento, seja minimizando-o, seja, por exemplo, questionando: “por que só agora?”. Ao invés de tentar compreendê-los, veem na indignação dos jovens uma grande orquestração que ameaçaria o governo e a ordem democrática, isto é, o prenúncio de um golpe. Como se toda manifestação sem liderança de um partido de esquerda, de uma central sindical, ou de um movimento de massa consolidado se igualasse à “Marcha da família com Deus”, que precedeu o golpe militar de 1964.

No entanto, me parece claro que, no campo da esquerda, a postura deve ser exatamente oposta! Justamente diante do inegável risco de uma transmutação das pautas do movimento – a meu ver, oriundo diretamente de sua estrutura “horizontal”, mas isso é discussão para outra oportunidade – é que é preciso que toda a esquerda entre “de cabeça” nas manifestações, tal como, por exemplo, conclamou a Juventude do PT paulista. De fato, é preciso disputar sua linha ideológica, ou melhor, é preciso garantir que seu caráter claramente positivo não seja desvirtuado. Isso só se faz “por dentro” do movimento, compreendendo-o, participando, dialogando, ouvindo e argumentando, e não observando – e frequentemente criticando – tudo à distância. Acertando ou errando, a esquerda não pode ter medo das ruas, não pode ter medo de manifestação popular!

Além disso, me parece que a amplitude das manifestações ocorridas, sobretudo no dia de ontem, demonstram uma insatisfação que, a meu ver, vai além da questão inicial do transporte. Se é inegável que, nos últimos 10 anos, houve uma nítida melhora nas condições de vida da população brasileira de modo geral, também é inegável que nossa democracia política não acompanhou, no mesmo passo, tais transformações. Há um déficit de representatividade latente, oriundo de um sistema político que frequentemente iguala os diferentes diante da coerção do poder econômico que impera nas campanhas eleitorais e, por conseguinte, influi diretamente em muitas das decisões governamentais. Com efeito, há nessa juventude, cujas condições de vida e perspectivas de futuro são melhores do que aquelas da geração anterior, e também por isso, uma vontade maior de participar, de interferir nos rumos do país, vontade essa que a estreiteza do atual modelo político, praticamente limitado à participação eleitoral bianual, não contempla. Isso ajuda a explicar, por exemplo, a aversão a partidos (tidos como “todos iguais”, justamente por conta desse sistema), a contradição de algumas das palavras de ordem que se ouve nos protestos, e mesmo a crítica direta (ainda que claramente minoritária) ao governo federal que, neste ponto, tem feito sua parte, ajudando na redução das tarifas com isenção de tributos. Na verdade, me parece que esses protestos abriram uma porta em que tudo o que sufoca precisaria passar. Agora, porém, é hora de canalizar essa indignação e dar-lhe um norte progressista.

Ora, curiosamente, isso ocorre no momento em que o PT busca forças na sociedade para realizar uma reforma política que vai justamente de encontro a anseios de possibilitar maior participação social, de ampliar a democracia, diminuindo a força do dinheiro sobre a vontade popular, e de mudar positivamente a relação entre o poder público e a sociedade civil. Cabe ao partido (e seus governos, inclusive o federal), portanto, sair definitivamente da inércia dos gabinetes, mostrar que é diferente, e chamar a juventude e nossos aliados para alterar a tão malfada “correlação de forças” na sociedade em nome da ampliação de direitos e de reformas estruturantes – no transporte, nos serviços públicos, no Estado. Se era preciso apoio popular para superar os parcos limites da “governabilidade”, a oportunidade apareceu. Há de se saber aproveitá-la.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Hora de voltar!

Depois de cinco meses, chega ao fim minha estadia na França. Neste momento, é difícil conseguir fazer um balanço sobre o que significou este período para mim. Acho que só com o passar do tempo conseguirei absorver tudo o que pude vivenciar e aprender aqui. Agora, porém, é hora de voltar. Rever a esposa, a família, os amigos. Retomar o cotidiano, retornar à “vida normal”, com suas delícias e dificuldades. E, claro, terminar minha tese. Por enquanto, Paris ficará só na memória. Mas, sem dúvida, num lugar muito especial. Sinto, aliás, que não esta será uma despedida definitiva, um adieu, nem mesmo um au revoir; apenas um singelo à la prochaine!

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Dedução

Para minha eterna namorada, Angelica, alguns versos do poeta russo Vladimir Mayakovsky, que sobrescrevo integralmente:

















Dedução


(Vladimir Mayakovsky)

Não acabarão nunca com o amor,
nem as rusgas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Cazuza - Solidão, que nada

Sou fã de Cazuza. Na minha opinião, trata-se de um dos maiores compositores da música brasileira. E sempre tive apreço por essa música. No entanto, durante este período morando fora do país, ela passou a me fazer mais sentido. Na verdade, tornou-se uma daquelas músicas que, independente de qualquer eventual descompasso da letra (em relação à nossa experiência), "seguram" a gente em momentos mais difíceis. Aqui, deixo vocês com uma versão ao vivo de Solidão, que nada, de 1987.