sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Força Maduro!

É dramática a situação na Venezuela. Tal como em 2002, como fizeram com o então presidente Hugo Chávez, a burguesia derrotada nas urnas tem criado um clima cada vez mais perigoso de instabilidade política no país. Apoderando-se indevidamente de reivindicações muitas vezes sinceras de parte da população, especialmente no que diz respeito a dificuldades econômicas enfrentadas por nossos vizinhos (muitas vezes, é preciso dizer, por culpa de sabotagens de sua própria burguesia), a direita representante da elite nacional vem promovendo, nos últimos dias, uma radical e perigosa polarização. A turbulência política, condensada no confronto aberto entre chavistas e anti-chavistas, já gerou mortes e pode ainda se agravar, tornando incerto (e temerário) o futuro venezuelano.

Para os desavisados, convém sempre lembrar: o intento maior dos grupos oposicionistas a Maduro, bem longe de equacionar os problemas do país, é pôr termo ao processo de Revolução Bolivariana que, com seu governo popular (por eles identificado como “ditadura”) tem desde 1998, primeiramente com Chávez, mudado positivamente a cara da Venezuela (não sem contradições e dificuldades, naturalmente) e servido de ponto de apoio das lutas internacionais contra o imperialismo. Não por acaso, portanto, os EUA acompanham com atenção o que se desenrola em um dos principais exportadores de petróleo do mundo. Um governo submisso aos interesses norte-americanos é tudo o que a Casa Branca deseja. Por isso, ela patrocinou o golpe frustrado contra Chávez em 2002. Por isso também, agora se mostra novamente disposta a ajudar a oposição ao governo Maduro. Inclusive, se preciso for, intervir no país.

Além disso, do mesmo modo que a eleição de Chávez desencadeou uma onda progressista pela América do Sul, uma eventual deposição de Maduro poderia ter o efeito diametralmente reverso. A sanha com que nossa grande mídia tem noticiado os acontecimentos na Venezuela, invariavelmente tomando partido da oposição ao governo chavista, deixa nítido que sua derrubada poderia servir de inspiração para mudar (também na base da força) o cenário das eleições presidenciais brasileiras de outubro próximo, amplamente favorável a Dilma - que dentre outras coisas, como se sabe, é parceira do governo venezuelano.

Assim, diante da clara tentativa de derrubada de um presidente eleito legitima e democraticamente, é hora de unir as forças progressistas do continente contra o golpe em curso na Venezuela. É hora de defender a democracia, a soberania venezuelana e a vontade popular e dizer, em alto e bom som: força Maduro, estamos todos contigo!

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