É dramática a situação na
Venezuela. Tal como em 2002, como fizeram com o então presidente Hugo Chávez, a
burguesia derrotada nas urnas tem criado um clima cada vez mais perigoso de
instabilidade política no país. Apoderando-se indevidamente de reivindicações
muitas vezes sinceras de parte da população, especialmente no que diz respeito
a dificuldades econômicas enfrentadas por nossos vizinhos (muitas vezes, é
preciso dizer, por culpa de sabotagens de sua própria burguesia), a direita
representante da elite nacional vem promovendo, nos últimos dias, uma radical e
perigosa polarização. A turbulência política, condensada no confronto aberto
entre chavistas e anti-chavistas, já gerou mortes e pode ainda se agravar,
tornando incerto (e temerário) o futuro venezuelano.
Para os desavisados, convém
sempre lembrar: o intento maior dos grupos oposicionistas a Maduro, bem longe
de equacionar os problemas do país, é pôr termo ao processo de Revolução
Bolivariana que, com seu governo popular (por eles identificado como “ditadura”)
tem desde 1998, primeiramente com Chávez, mudado positivamente a cara da
Venezuela (não sem contradições e dificuldades, naturalmente) e servido de
ponto de apoio das lutas internacionais contra o imperialismo. Não por acaso, portanto,
os EUA acompanham com atenção o que se desenrola em um dos principais
exportadores de petróleo do mundo. Um governo submisso aos interesses
norte-americanos é tudo o que a Casa Branca deseja. Por isso, ela patrocinou o
golpe frustrado contra Chávez em 2002. Por isso também, agora se mostra
novamente disposta a ajudar a oposição ao governo Maduro. Inclusive, se preciso
for, intervir no país.
Além disso, do mesmo modo que a eleição
de Chávez desencadeou uma onda progressista pela América do Sul, uma eventual
deposição de Maduro poderia ter o efeito diametralmente reverso. A sanha com
que nossa grande mídia tem noticiado os acontecimentos na Venezuela,
invariavelmente tomando partido da oposição ao governo chavista, deixa nítido
que sua derrubada poderia servir de inspiração para mudar (também na base da
força) o cenário das eleições presidenciais brasileiras de outubro próximo,
amplamente favorável a Dilma - que dentre outras coisas, como se sabe, é parceira do governo
venezuelano.
Assim, diante da clara tentativa de derrubada de um presidente eleito legitima e democraticamente, é hora de unir as forças progressistas do continente contra o golpe em curso na Venezuela. É hora de defender a democracia, a soberania venezuelana e a vontade popular e dizer, em alto e bom som: força Maduro, estamos todos contigo!
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