sexta-feira, 27 de julho de 2012

2 anos de blog


O blog Filosofia e coisas da vida completa, neste mês de julho, dois anos de existência. Gostaria de agradecer, em primeiro lugar, a minha esposa, Angelica, pela força para começar e seguir neste projeto. Também a todos os amigos e amigas que visitam diariamente este espaço, especialmente aqueles que contribuem com seus comentários, elogios, críticas e sugestões, seja aqui, no próprio blog, seja mediante outras redes sociais.

Escrever assiduamente para um público em sua esmagadora maioria desconhecido, sobre assuntos os mais variados, e muitas vezes polêmicos, sem medo de tomar partido, tem sido uma grande e prazerosa, (ainda que, confesso, por vezes difícil) experiência. Mas, o retorno que tenho dos textos, o número de acessos diários, me deixa contente e buscando sempre melhorar naquilo que é a proposta do blog: convidar à reflexão filosófica e ao debate democrático de ideias sobre nosso cotidiano, o presente e o futuro.

A todos, meus sinceros agradecimentos!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

O segredo dos seus olhos (El secreto de sus ojos)

Benjamin Esposito, recentemente aposentado do cargo de oficial de justiça de um tribunal penal, decide escrever um livro sobre sua história. Ele usa sua experiência para contar uma história trágica, da qual foi testemunha em 1974. Na época, o Departamento de Justiça onde trabalhava foi designado para investigar o estupro e o assassinato de uma bela jovem. É desta forma que Benjamin conhece Ricardo Morales, marido da falecida, a quem promete ajudar a encontrar o culpado. Para tanto, conta com a ajuda de Pablo Sandoval, seu grande amigo, e com Irene Menéndez Hastings, sua chefe imediata, por quem nutre uma paixão secreta.

A determinada altura, numa das passagens marcantes do filme, Pablo Sandoval descobre, através de cartas cifradas, a paixão ilimitada do suspeito pelo Racing Club, tradicional time de futebol argentino. E, voltando-se para Benajmin, diz uma das mais belas e instigantes frases do cinema contemporâneo: “Você se dá conta, Benjamin? Uma pessoa pode mudar tudo: de cara, de casa, de família, de noiva, de religião, de Deus. Mas algo que ela não pode mudar, Benjamin: não pode mudar de paixão”. Outro ponto de destaque é a forma pela qual chega-se ao suspeito: através do olhar que ele dirige à vítima - sua amiga - numa foto, o que motiva, inclusive, o nome do filme.

O segredo dos seus olhos, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2010, é uma ótima pedida, que mostra a força, a inventividade e a poesia do cinema portenho.

 *** 


O segredo dos seus olhos (El secreto de sus ojos)

Ano: 2009
Direção: Juan José Campanella
Gênero: Drama
Origem: Argentina; Espanha
Duração: 127 minutos
Elenco: Ricardo Darín, Pablo Rao, Guillermo Francella, Soledad Villamil






sexta-feira, 13 de julho de 2012

Rolling Stones - Hang Fire

Hoje, 13 de julho, é dia mundial do rock. Num dia como ontem, 12 de julho, há exatos 50 anos, as pedras começaram a rolar no primeiro show dos Rolling Stones. Nada melhor, então, do que unir as duas datas. Em homenagem ao dia do rock, um clássico dos Stones, Hang Fire, do álbum Tattoo You, de 1981.

Longa vida ao Rock'n'Roll!!!


sexta-feira, 6 de julho de 2012

A aposta


A contratação de Ney Franco é, naturalmente, uma aposta da diretoria do São Paulo. E, como toda aposta, sujeita a inúmeros riscos. Portanto, não é exagero dizer que é preciso desconfiar. Em primeiro lugar, porque precisará de tempo, já que o time, embora conte com alguns bons nomes, está uma lástima. Seu contrato vai até o final de 2013. Embora, na prática, isto não signifique nada no futebol brasileiro, ao menos em teoria, sugere que a diretoria quer um trabalho mais longo de Ney, que “confia” nele, diferentemente do que ocorreu na chegada de Leão. Contudo, não sendo um daqueles treinadores “para-choque”, como Muricy ou Felipão, isto é daqueles técnicos que, por seu currículo, são capazes de segurar um período de vacas magras, Ney precisará de respaldo da diretoria até conseguir acertar minimamente a equipe, o que pode sequer ocorrer em 2012. O mesmo respaldo, aliás, dado pela diretoria corinthiana a Tite, após a eliminação da Libertadores diante do Tolima no ano passado, que possibilitou a conquista alvi-negra deste ano. Ocorre que apoio a técnicos é algo que a diretoria, especialmente o presidente (?) Juvenal Juvêncio, não tem oferecido. Muito pelo contrário.

Além disso, é fato que Ney carece de um grande trabalho à frente de uma equipe do tamanho do São Paulo, para poder alcançar o patamar de técnico de ponta. Num clube mais organizado, talvez tivesse seu trabalho facilitado. Mas, no atual momento do SPFC, terá uma dificuldade a mais. A pressão por títulos, certamente ampliada depois dos recentes sucessos dos rivais, somada ao desastre da administração JJ, podem fazer Ney Franco balançar mais do que deveria. Aí, voltamos ao primeiro ponto. Se não tiver respaldo explícito da diretoria, Ney pode não aguentar, fazendo o São Paulo perder mais tempo ainda para se reestruturar e voltar a sonhar alto.

No entanto, é preciso reconhecer que Ney é um cara sério e estudioso. Sabe trabalhar com jovens, e arma bem suas equipes, não sendo retranqueiro. Por isso, insisto: mais do que qualquer outro fator, o sucesso de Ney depende diretamente da forma pela qual Juvenal e seus asseclas se comportarão nos inevitáveis momentos de derrota – que, dado o panorama atual do time, podem sim se prolongar por mais tempo do que o desejado, sem que isso seja culpa do novo treinador. Diante disso, entendo que uma vaga na Libertadores 2013 seria fantástico. Mas, caso não a consiga, isso não deve significar o fim do mundo. O time está um caos, e Ney não poderá reverter isso da noite para o dia. A avaliação deve ser em cima do trabalho no dia a dia, não apenas dos resultados.

Enfim, nos resta aguardar os primeiros passos de Ney à frente do SPFC e torcer pelo seu sucesso. Boa sorte!

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Defender a democracia no Paraguai é defender a democracia em toda a América Latina


O golpe contra o presidente paraguaio Fernando Lugo, destituído de seu cargo num processo de impeachment levado a cabo pelo Congresso paraguaio em tempo recorde, com duração de 24 horas, ligou o sinal de alerta na América Latina. Não apenas porque se trata de uma nova modalidade de golpe, como sugeriu Tarso Genro em recente artigo (leia aqui), no qual se tenta, ao contrário do modelo clássico, dar uma roupagem “democrática” à deposição (Honduras, em 2009, foi o primeiro ensaio dessa nova prática golpista). Mas principalmente porque a democracia é um valor altamente efêmero no contexto latino-americano, quase sempre dependente de alianças ideologicamente heterogêneas e acordos passíveis de serem quebrados a qualquer momento.

Como se sabe, a democracia é condição indispensável para o prosseguimento da construção de uma alternativa pós-neoliberal, que se desenha há mais de uma década no nosso continente – e cujo ciclo histórico ainda não se esgotou.Por isso, todo cuidado com a direita, com os setores conservadores, e com o imperialismo norte-americano, isto é, com todos aqueles que desejam reverter esse processo transformador em nome de seus retrógrados interesses, é pouco. Mas, em todo o continente, tais setores podem ganhar fôlego caso o golpe paraguaio triunfe definitivamente. A Bolívia começa a sentir os primeiros impactos, com a infiltração de elementos desestabilizadores do governo na greve de policiais que ocorre no país nessa semana. No Brasil, José Carlos Aleluia, um dos nomes mais importantes do DEM, postou em seu perfil do Twitter um sugestivo “se a moda pega”. Aliás, sempre é bom lembrar que no Brasil, um país cuja democracia política é comparativamente mais sólida, tentou-se algo semelhante em 2005, quando o escândalo do chamado “mensalão” serviria de pretexto para uma possível destituição do então presidente Lula. Lula não caiu por uma soma de fatores: as alianças que havia conseguido estabelecer com setores de centro, para além daquelas com a esquerda e a centro-esquerda; ter atrás de si um partido forte e socialmente arraigado; e contar com o apoio de uma base social mais organizada. Esses fatores lhe permitiram enfrentar o processo sem prejuízos diretos para si, embora nomes importantes do governo, como o ex-ministro José Dirceu, tenham sido literalmente sacrificados. Antes de Lula, em 2002, o presidente venezuelano Hugo Chávez sofreu tentativa semelhante de impeachment, que se tivesse sido definitivamente exitosa (Chávez ficou apenas três dias longe do poder), provavelmente teria impedido o ciclo virtuoso que começaria poucos meses depois com a eleição de Lula. Lugo, com uma base muito mais frágil e praticamente isolado, não teve a mesma sorte.

Por isso, é preciso dar todo apoio às decisões da Unasul (União das Nações da América do Sul) e do Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul) de suspender o Paraguai dessas organizações, bem como, principalmente, de não reconhecer o novo governo de Federico Franco. Além, claro, de reforçar a resistência do povo paraguaio, que está ao lado de Lugo. Afinal, a defesa da democracia no Paraguai é a defesa da democracia na América Latina, é a defesa do processo transformador que o continente vive desde os anos 2000. 

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Rio + 20, meio ambiente e capitalismo


Em documento publicado no último mês, o Diretório Nacional do PT publicava um texto que, a meu ver, resume bem a problemática que estava colocada nesta Conferência Rio + 20. Transcrevo dois trechos a seguir:

 “Do ponto de vista ambiental, a crise internacional só está demonstrando com mais clareza o que já sabíamos e dizíamos há muito tempo: um modelo de desenvolvimento apoiado na ideia de que o mercado é capaz de organizar a vida social, que tem o lucro como principio básico e fundamental, além de ser um modelo excludente, que acentua a desigualdade social, é certamente um modelo em que é impossível pensar numa sustentabilidade ambiental. Esta é uma das ideias centrais que vamos defender, como Partido, na Rio+20: sustentabilidade ambiental não rima com capitalismo, especialmente com capitalismo neoliberal”.

Nesse sentido, quatro desafios eram elencados:

“O primeiro tem um sentido mais estratégico, e refere-se à defesa de um modelo alternativo de desenvolvimento; o segundo tem um sentido teórico-conceitual, considerando que o termo “desenvolvimento sustentável” se universalizou, mas há uma disputa em torno de seus significados e conteúdos; o terceiro é mais institucional, e refere-se aos compromissos e metas que os governos e organismos internacionais devem assumir; e por fim o quarto e talvez o principal: o desafio político, ou seja, o da construção da força necessária para implementar e aprofundar esse modelo alternativo que preconizamos”.

Deste ponto de vista, e como era de se esperar, o rascunho do documento final da Conferência Rio + 20, que a partir de hoje será submetido aos chefes de Estado e de governo que vierem ao Brasil, ficará aquém do desejado. É fato que, como disse a presidenta Dilma nesta terça-feira, “há a necessidade de se fazer um balanço entre os países”, que o rascunho aprovado sob a capitania do Brasil “é o documento possível entre diferentes países e diferentes visões do processo relativo à questão ambiental”. Mas, não dá para negar, ele não responderá de maneira satisfatória aos desafios que estão postos para a humanidade nestas primeiras décadas do século XXI.

Embora possa haver alguma modificação na letra final, as notícias dão conta de que foram excluídos do texto acordado pelos representantes dos países participantes, por exemplo, a criação de um fundo de fomento à sustentabilidade, sugerido pelo G-77 (grupo de países em desenvolvimento, como Brasil e China), claramente por oposição dos países ricos – curiosamente, os que mais poluem –, e propostas mais específicas de metas de sustentabilidade – novamente, por oposição central daqueles mesmos países. No plano social, o parágrafo que mencionava o direito das mulheres sobre seu processo reprodutivo foi retirado por pressão do Vaticano. Mas, para nosso azar, o eixo falacioso da “economia verde” - que, no fundo, apenas pretende manter o modelo  predatório capitalista tal como ele é hoje - prosseguiu.

Mas, então, a Conferência foi um completo fracasso (como também se disse há 20 anos da Eco-92)? Não acho. Primeiro, porque, na pior das hipóteses, um encontro dessa envergadura, que mobiliza desde militantes e ativistas das mais diversas áreas, até os comandantes de grande parte das nações mundiais, é sempre proveitoso. Pelo que pude acompanhar à distância, houve bons debates, boas propostas no âmbito da chamada “Cúpula dos Povos”, que reúne a chamada “sociedade civil”, além de representantes de movimentos sociais, políticos etc. Uma interessante troca de experiências, individuais e coletivas, um acúmulo de forças que renova a esperança de que “o mundo que queremos”, como propõe o lema da Conferência, é um mundo bem diferente do que aquele que está aí. Nesse sentido, vale destacar por exemplo que, apesar dos pesares, o documento final reafirmará positivamente a indissociável díade entre desenvolvimento social e sustentabilidade ambiental – o que me parece um ponto de partida essencial em qualquer discussão séria sobre nosso futuro.

O que emperra esse tipo de negociação, de fato, é contemplar os interesses de alguns países, sobretudo aqueles que são os maiores causadores do drama sócio-ambiental que vivemos, mas cujo poder, infelizmente, nos impede de simplesmente ignorá-los. Isso ficou claro, desde o início, com o esvaziamento provocado pela recusa de líderes como Barack Obama e Angela Merkel em participar da Conferência. Convenhamos, uma reunião de interesse global sem que os EUA e a Alemanha assumam sua enorme responsabilidade diante dos problemas mundiais perde muito de seu poder de fogo. Com esse gesto de ambos, ficou claro o nível do enfrentamento que se daria nessa Conferência.

Enfim, agora é preciso examinar a versão final do documento, mas principalmente, acompanhar de perto os desenlaces desses dias de intensa discussão sobre nossos principais problemas. E, a partir daí, definir os próximos passos em direção a um novo princípio civilizatório, diferente do paradigma capitalista liberal que nos conduziu a essa situação desastrosa.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Copa do Brasil: a hora da verdade para o SPFC


Começam logo mais as semifinais da Copa do Brasil. Hoje, o primeiro confronto entre Palmeiras e Grêmio e amanhã entre São Paulo e Coritiba. Para o tricolor paulista é a hora da verdade. Não apenas por estarmos numa fase aguda da competição, mas principalmente porque a Copa do Brasil representa hoje, diante do futebol que o time apresentou no primeiro semestre e das perspectivas para o próximo, a única chance de conseguirmos chegar à Libertadores 2013 ou, mais ainda, de quebrar o incômodo jejum de quase 4 anos sem levantar um caneco. Por isso, Luís Fabiano, Lucas e cia. jogam a partir de amanhã, de algum modo (isto é, se nada for feito para mudar o elenco, ampliá-lo etc.) , a sorte do SPFC neste ano e no próximo. É esperar e confiar. E hoje, para aquecer, ficar de olho num possível rival da tão aguardada final.

Vamos São Paulo!