terça-feira, 12 de novembro de 2013

O Processo de Eleições Diretas do PT

No último domingo, o PT realizou seu processo de eleições diretas, o PED, que escolheu os dirigentes que comandarão a legenda pelos próximos quatro anos. Mesmo antes do fim da apuração total, os resultados estão praticamente consolidados no plano nacional. E sem nenhuma novidade. Como era previsto, Rui Falcão foi reeleito presidente do PT com cerca de 70% dos votos. Em segundo lugar, Paulo Teixeira (em quem votei, aliás) com aproximadamente 20%. Para a composição do diretório nacional, a corrente de Rui, a Construindo um Novo Brasil, obteve pouco mais da metade dos votos com sua chapa O partido que muda o Brasil (terá, portanto, cerca de metade das cadeiras), seguida pela chapa de Paulo, a Mensagem ao Partido, que cresceu em relação ao último processo, em 2009, obtendo também cerca de 20% dos votos e se consolidando como a segunda força nacional do PT. 
                                                       
Independentemente dos resultados, porém, algumas observações precisam ser feitas. Se, por um lado, é preciso elogiar um partido que tem coragem de propor eleições diretas livres para escolha de seus dirigentes, por outro, a meu ver, não se pode negar certo esgotamento da fórmula atual do PED. Por exemplo: a participação ficou bem aquém das possibilidades do PT. Apenas cerca de 60% dos mais de 800 mil militantes aptos a votar compareceram as urnas. O baixo número parece corroborar a tese de irregularidades na cotização de parte dos filiados, além de indicar certa desmobilização de parte da militância, mesmo depois de junho e às vésperas do desafio de reeleger a presidenta Dilma no próximo ano. O debate de propostas e ideias foi muito escasso diante da magnitude de nossas tarefas e de nossas responsabilidades futuras. Com efeito, há de se reconhecer que, infelizmente, o PT tem incorporado, em sua organização interna, alguns dos piores vícios da política brasileira, e a lógica do PED tem se aproximado perigosamente daquela que caracteriza o processo eleitoral nacional, contaminado por forte influência do poder econômico (no caso, das máquinas partidárias).

Nesse sentido, se corretamente propomos uma reforma no sistema político-eleitoral brasileiro, entendo que, no próximo período, também será preciso pensar alguma espécie de reforma política interna. Não sei se é o caso de acabar com o PED, como alguns defendem. A princípio, acho que não. Mas, concordo com a posição de que é preciso mudá-lo urgentemente. Por isso, acho que este debate não poderá faltar no V Congresso do PT, que ocorrerá em dezembro com delegados oriundos das chapas que disputaram este PED. Afinal de contas, se, como bem indicou o ex-presidente Lula no último domingo, o PT precisa se renovar e se aproximar da juventude, isso só será possível se o partido oxigenar também sua política interna: aprofundar sua democracia, ampliar a participação das bases partidárias e reforçar seus valores democráticos e socialistas. Temos todas as condições do mundo de fazê-lo e já o fizemos em outros momentos. Basta vontade política de todos.

Por fim, independente de não ter sido meu candidato, todo apoio ao companheiro Rui Falcão e os votos de um grande mandato.

Viva o Partido dos Trabalhadores!

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