No último domingo, o PT realizou
seu processo de eleições diretas, o PED, que escolheu os dirigentes que
comandarão a legenda pelos próximos quatro anos. Mesmo antes do fim da apuração total, os resultados estão praticamente consolidados no plano nacional. E sem nenhuma
novidade. Como era previsto, Rui Falcão foi reeleito presidente do PT com cerca
de 70% dos votos. Em segundo
lugar, Paulo Teixeira (em quem votei, aliás) com aproximadamente 20%. Para a composição do diretório nacional, a corrente de Rui, a Construindo um Novo Brasil, obteve pouco
mais da metade dos votos com sua chapa O
partido que muda o Brasil (terá, portanto, cerca de metade das cadeiras),
seguida pela chapa de Paulo, a Mensagem
ao Partido, que cresceu em relação ao último processo, em 2009, obtendo também cerca de 20%
dos votos e se consolidando como a segunda força nacional do PT.
Independentemente dos resultados,
porém, algumas observações precisam ser feitas. Se, por um lado, é preciso
elogiar um partido que tem coragem de propor eleições diretas livres para
escolha de seus dirigentes, por outro, a meu ver, não se pode negar certo
esgotamento da fórmula atual do PED. Por exemplo: a participação ficou bem
aquém das possibilidades do PT. Apenas cerca de 60% dos mais de 800 mil militantes aptos a votar compareceram as urnas. O baixo número parece
corroborar a tese de irregularidades na cotização de parte dos filiados, além
de indicar certa desmobilização de parte da militância, mesmo depois de junho e
às vésperas do desafio de reeleger a presidenta Dilma no próximo ano. O debate
de propostas e ideias foi muito escasso diante da magnitude de nossas tarefas e
de nossas responsabilidades futuras. Com efeito, há de se reconhecer que,
infelizmente, o PT tem incorporado, em sua organização interna, alguns dos
piores vícios da política brasileira, e a lógica do PED tem se aproximado
perigosamente daquela que caracteriza o processo eleitoral nacional,
contaminado por forte influência do poder econômico (no caso, das máquinas
partidárias).
Nesse sentido, se corretamente
propomos uma reforma no sistema político-eleitoral brasileiro, entendo que, no
próximo período, também será preciso pensar alguma espécie de reforma política
interna. Não sei se é o caso de acabar com o PED, como alguns defendem. A
princípio, acho que não. Mas, concordo com a posição de que é preciso mudá-lo
urgentemente. Por isso, acho que este debate não poderá faltar no V Congresso
do PT, que ocorrerá em dezembro com delegados oriundos das chapas que
disputaram este PED. Afinal de contas, se, como bem indicou o ex-presidente
Lula no último domingo, o PT precisa se renovar e se aproximar da juventude, isso
só será possível se o partido oxigenar também sua política interna: aprofundar
sua democracia, ampliar a participação das bases partidárias e reforçar seus
valores democráticos e socialistas. Temos todas as condições do mundo de
fazê-lo e já o fizemos em outros momentos. Basta vontade política de todos.
Por fim, independente de não ter
sido meu candidato, todo apoio ao companheiro Rui Falcão e os votos de um
grande mandato.
Viva o Partido dos Trabalhadores!
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